Cerca de quatro mil migrantes chegaram ao arquipélago espanhol das Canárias desde janeiro, um aumento de 550% face a 2019, e outros de 250 morreram a tentar a travessia desde a costa ocidental de África, estima a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

De acordo com o organismo, citado pela agência Associated Press, a travessia entre a costa ocidental africana e o arquipélago espanhol é uma das rotas “mais perigosas” que os migrantes enfrentam em busca de melhores condições de vida.

Desde janeiro, cerca de quatro mil pessoas conseguiram desembarcar nas Canárias, mas 250 migrantes morreram ou desapareceram durante a travessia. Este número de vítimas mortais registado pela OIM é superior ao balanço de mortos e desaparecidos nas travessias ocorridas no Mediterrâneo ocidental em todo o ano de 2019.

O número de chegadas de migrantes às Canárias este ano está muito abaixo dos 30.000 migrantes que chegaram àquelas ilhas espanholas em 2006, mas é o número mais elevado numa década, depois de Espanha ter conseguido reduzir a entrada de migrantes para poucas centenas por ano após alcançar acordos com os países da África ocidental. Este fenómeno preocupa o Governo espanhol, tendo a primeira viagem do primeiro-ministro, Pedro Sanchez, após o confinamento devido à pandemia de Covid-19 sido para a Mauritânia, um dos principais pontos de partida de migrantes para as Canárias.

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Organizações de direitos humanos alertam que as chegadas são apenas uma fração das partidas.

A travessia entre a costa africana e as Canárias pode demorar entre um e 10 dias, sendo o ponto de partida mais próximo Tarfaya, em Marrocos (100 km), e o mais distante registado este ano Barra, na Gâmbia (mais de 1.600 km).

De acordo com a Associated Press, esta semana pela menos 20 pessoas desapareceram durante a navegação entre a costa africana e as Canárias.  O número de pessoas que tentam chegar às Canárias aumentou depois de a União Europeia e Marrocos terem implementado medidas para impedir os migrantes de atingirem a costa da Andaluzia, sul de Espanha, em 2019. O número de chegadas à costa sul de Espanha diminuiu 50%, mas o número de desembarques nas Canárias aumentou 550%.

No passado mês de agosto registou-se o desembarque de 850 pessoas nas Canárias, nomeadamente cidadãos do Mali, de acordo com os dados do Ministério do Interior de Espanha e de organizações não-governamentais espanholas.