De regresso à conferência sobre a situação epidemiológica em Portugal, Marta Temido teve poucas boas notícias para dar. O índice de transmissibilidade (Rt), que “tem registado uma tendência ligeiramente crescente” e se tem mantido acima de 1 durante quase todo o mês de agosto, é de 1,16 para o período de 24 a 28 de agosto. Na semana passada, a ministra da Saúde revelou na mesma conferência que, para os dias 17 a 21 de agosto, era de 1, tendo-se registado portanto uma subida significativa desde então. Os dados relativos aos novos casos de Covid-19 nos últimos dias permitem concluir que existe agora uma “maior transmissão da doença” no país.

“Os números da nossa situação epidémica estão a subir. Estão a subir desde há uma semana e situam-se agora nos cerca de 340 casos novos diários. Esta é uma realidade que, oito dias volvidos sobre o momento em que constatámos que havia um aumento e em que nos questionámos se seria um aumento devido a um atraso na notificação dos surtos ou eventualmente o efeito de um maior contágio, nos leva a constatar uma maior transmissão da doença”, afirmou a ministra da Saúde esta quarta-feira.

A governante frisou, no entanto, que muitos dos novos casos estão relacionados “com surtos relativamente bem identificados, concretamente na região onde têm crescido mais”, isto é, no norte do país. Dos 177 surtos ativos no país, 86 estão localizados na região Norte, que é agora a mais problemática. Em Lisboa e Vale do Tejo existem atualmente 61 surtos, no Centro são 9, assim como no Alentejo, e no Algarve 12.

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Marta Temido apelou “ao reforço das medidas de saúde pública” e à utilização da app de rastreio à Covid-19, a Stayway Covid, apresentada esta semana. Sobre o eventual uso de máscara em espaços abertos, a ministra voltou a afastar a possibilidade, lembrando que Portugal tem sido rápido na aplicação de “medidas mais robustas” e que a máscara não é de utilização obrigatória em alguns países.

Relativamente à situação nos lares, a diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, confirmou a existência de 23 surtos ativos, isto é, de surtos onde ainda vão registando novos casos. A grande maioria encontra-se na região de Lisboa e Vale do Tejo (19). No Norte, são apenas 4.

Há cinco casos de Covid-19 na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa

Marta Temido confirmou a existência de cinco casos de Covid-19 na Maternidade Alfredo da Costa, em Lisboa. Tratam-se de dois enfermeiros e três assistentes operacionais, “com uma ligação conhecida entre estes casos”. O surto ainda está em investigação, mas as autoridades acreditam estar circunscrito.

Mortalidade de agosto esteve “absolutamente dentro do esperado”

Graça Freitas garantiu que a mortalidade neste mês de agosto esteve “absolutamente dentro do esperado” e que “não houve nenhum fenómeno de excesso de mortalidade”.

O Jornal de Negócios noticiou esta quarta-feira, com base nos dados da DGS, que Portugal está a registar um aumento na mortalidade. Em agosto, esta foi superior à deste mesmo mês nos últimos cinco anos. Neste mês, morreram 8.866 pessoas em Portugal, um número que representa um acréscimo de 506 em relação à média dos cinco anos anteriores. De acordo com o jornal, apenas 18% do aumento de mortes neste mês de agosto se deveu à Covid-19.

Já Marta Temido considerou que “associar ou pretender associar eventuais oscilações na mortalidade às dificuldades” registadas durante o período de pandemia no Serviço Nacional de Saúde (SNS) “uma avaliação que não podemos retirar”. “Esta é uma realidade complexa que tem respostas complexas e que não podemos interpretar linearmente”, frisou a ministra da Saúde, chamando a atenção para o trabalho da “rede” SNS.

Relativamente aos dados de mortalidade, a diretora-geral da Saúde afirmou que “não só estamos a codificar as causas de morte por Covid, como estamos a fazer um trabalho intenso para conseguir codificar já também no ano 2020 as outras causas”.