O Fórum Euro-África arranca esta quinta-feira com o propósito de aproximar os dois continentes e conta com um debate virtual entre o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o seu homólogo do Gana.

O Fórum vai reunir personalidades dos setores público e privado, sociedade civil, empresários, ativistas e cientistas, que vão debater cinco desafios ao abrigo do tema “À procura de pontos comuns num mundo pós-Covid”.

A consultora Boston Consulting Group (BCG) defendeu esta quinta-feira, num relatório divulgado neste Fórum, que a pandemia de Covid-19 não afeta os principais motores do crescimento africano e argumentou que a Europa e a África devem fazer uma parceria estratégica.

“A pandemia tem-se espalhado no continente africano, como nos outros sítios, e pode abrandar o crescimento económico a curto prazo, com os sistemas de saúde a serem esticados e os empresários a sentirem os efeitos, mas este impacto não deverá minar os motores essenciais do crescimento a longo prazo”, lê-se num relatório que será hoje divulgado no Fórum Euro-África.

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A idade da população ativa, a segunda maior a seguir à Ásia, com “jovens instruídos, talentosos e globalmente conectados, vai criar novas oportunidades, ao mesmo tempo que as principais economias trabalham para tornar os seus ambientes empresariais mais atrativos”, lê-se no relatório que analisa as relações entre a Europa a África.

“As 10 maiores economias melhoraram significativamente as pontuações sobre o estado de direito nos indicadores de governação do Banco Mundial nos últimos 10 anos, melhorando as pontuações agregadas em 15 pontos percentuais e o ‘ranking’ sobre a facilidade de fazer negócio melhorou 11 pontos, em média”, aponta-se no estudo, que defende uma aproximação mutuamente benéfica entre os dois continentes.

“No mundo pós-Covid-19, África e Europa podem reforçar mutuamente os laços económicos, financeiros, políticos e culturais para capturarem novas oportunidades e lidarem com desafios comuns em conjunto”, salienta-se no texto. O documento defende que “está na altura de elevar a relação para um novo nível baseado numa parceria de iguais visando a prosperidade partilhada”.

Fórum Euro-África arranca esta quinta-feira para reaproximar os dois continentes

Os cinco painéis, que incluem uma conversa entre os Presidentes de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e do Gana, Nana Akufo-Addo, moderados pelo editor de África do Financial Times, vão debater as “Perspetivas sobre as relações entre a União Africana e a União Europeia”, a “Transição Justa da Matriz Energética”, “Made In Africa – Negócios Emergentes e em Aceleração”, “Cultura África a alimentar o Mundo”, e “Ligando os Desligados”.

O presidente do Conselho da Diáspora Portuguesa e organizador do Fórum Euro-África, Filipe de Botton, disse à Lusa que o grande objetivo do encontro é reaproximar dois continentes que estiveram de costas voltadas até há pouco tempo. “Vemos dois continentes gémeos que têm vivido de costas voltadas nos últimos 50 anos, e o grande objetivo do Fórum é conseguir uma reaproximação da Europa com a África, e que Portugal seja a plataforma instrumental para a relação entre os dois continentes”, disse Filipe de Botton, na antecipação do Fórum, que se prolonga até sexta-feira, numa parceria com a Câmara de Cascais. O presidente do Conselho da Diáspora Portuguesa explicou que o encontro foi readaptado “para ser um fórum digital”.

“Temos o prazer de ter mais de 3.500 inscritos para assistir, o que demonstra que a junção da plataforma Europa e África era algo que se impunha, já que mais de 70% dos inscritos são provenientes de África”, acrescentou.

“Procuramos zonas de entendimento nas relações entre África e a Europa, no primeiro ano falámos da confiança que não existia, depois sobre as parcerias, e agora três grandes pilares, que são a diversidade, as diásporas e as relações políticas, económicas e culturais”, concluiu Filipe de Botton. O Conselho da Diáspora Portuguesa é uma organização privada sem fins lucrativos, com 95 membros em cinco continentes e tem por missão “alavancar o poder da diáspora, de forma a promover conversas e conexões globais sobre assuntos de cultura, impacto social, ciência, negócios e economia”, segundo a organização.