A aldeia de Picote, em Miranda do Douro, desafiou a população jovem para se associar no sábado à “Arte em Meio Rural”, iniciativa que pretende decorar a povoação com motivos ligados à avifauna do Douro Internacional.

Desafiamos a população mais jovem a colocar as mãos na massa e, assim, dar um novo colorido à aldeia que é rica do ponto de vista da avifauna e outros elementos naturais, por estar localizada na área protegida do Douro Internacional, onde nidificam espécies emblemáticas como o abutre, o britango, águia-de-bonelli, entre outras espécies rupícolas”, indicou à Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Picote, Jorge Lourenço.

Esta é a segunda fase de projeto “Arte em Meio Rural”, que começou em julho com a decoração do Posto de Transformação (PT) de eletricidade e de marcos quilométricos e que agora se vais estender a vários pontos desta aldeia do distrito de Bragança.

“No sábado, o desafio passa por pintar em cerca de duas dezenas armários e caixas da rede pública de eletricidade elementos da vida quotidiana e naturais deste território, e assim criar novos roteiros para quem visita a freguesia, bem ao estilo da chamada arte urbana”, concretizou o autarca de freguesia.

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De acordo com Jorge Lourenço, todos os trabalhos realizados e a realizar foram aprovados após a realização de assembleias participativas que juntaram a comunidade da aldeia e de onde “saíram muitas sugestões que estão a ser aproveitadas”.

Outros elementos como figuras zoomórficas (berrões) ou o arqueiro gravado na Fraga do Puio fazem parte das decorações a imprimir em várias ruas e largos da parte mais antiga de Picote e que terão legendagem em português e mirandês.

“Picote é uma freguesia com um importante legado histórico, mas que também gosta de inovar e daí termos iniciado este processo da ‘Arte em Meio Rural'”, concluiu.

Um dos objetivos de futuro desta iniciativa passa por integrar a aldeia na Rede de Arte Pública da Fundação EDP, um trabalho que está a ser promovido pelo município de Miranda do Douro e pela Junta de Freguesia de Picote.

Estes trabalhos são executados pelos artistas Miguel Shereck e Pedro Almeida, ambos pertencentes à associação cultural Lérias.

“Este trabalho também tem por objetivo envolver a comunidade mais jovens para que possa olhar para a sua identidade cultural e ambiental. Já praticamos um tipo de arte que é identificativo de cada aldeia por onde deixamos a nossa arte”, contou à Lusa Miguel Shereck.

Segundo Pedro Almeida, foi feita uma recolha das espécies da avifauna mais emblemáticas daquele território para agora serem “plasmadas” em algum mobiliário urbano existente em vários pontos da aldeia.

As técnicas a utilizar na “decoração” são simples, bem como os materiais utilizados. Se nas pinturas na PT foram utilizadas tintas plásticas resistentes às intempéries, nos armários será usada a técnica de “stencil”.

“Haverá um recorte numa folha de cartolina, em que o espaço vazio será preenchido com tinta aplicada com uma esponja sem recurso a spray”, explicaram os dois artistas.

Nesta iniciava foram tomadas precauções de distanciamento social devido à Covid-19 e todas as ações serão acompanhadas por técnicos da EDP Distribuição, “para segurança de todos”.