O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse esta sexta-feira que a sua perspetiva sobre a realização da Festa do Avante! “não é tão otimista” como a perceção da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do PCP.

Não escondo, e tive ocasião de dizer aos responsáveis do PCP, de uma forma cordial, mas muito franca, que a minha perceção não é tão otimista como a perceção da DGS e como a perceção do partido“, considerou o chefe de Estado, à margem de uma visita ao município de Castro Marim, sobre o evento que decorre entre esta sexta-feira e domingo no Seixal (Setúbal).

Marcelo Rebelo de Sousa recordou que a DGS definiu uma série de regras que “considera suficientes para, não havendo riscos de maior, dar ‘luz verde'”, através de “uma autorização técnica, científica e especializada” ao evento, e que o PCP entende “estarem preenchidas as condições de saúde mínimas, ou suficientes, para a sua realização”.

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Sem discutir as questões sanitárias, o Presidente da República colocou a questão no plano da avaliação política e da perceção que a Festa do Avante! tem junto da população.

Não vou discutir regras sanitárias. Não é a minha especialidade, nem deve o Presidente da República discutir. A questão é outra: todos os eventos — e os grandes por maioria de razão — devem ser apreciados também à luz da perceção que as pessoas têm deles”, afirmou.

Para o chefe de Estado, “uma coisa são as regras e a maneira como são aplicadas, outra coisa é a imagem retirada pelas pessoas daquilo que é autorizado e realizado”.

“A perceção da DGS e do partido organizador é que é positiva, como exercício da democracia e também como respeito de regras suficientes para se concretizar. A perceção de uma parte do país é que é menos positiva, é menos otimista relativamente à imagem geral que é deixada”, acrescentou.

O Presidente da República reafirmou que, na sua ótica, não está em causa a legitimidade do organismo e do partido, mas que a avaliação política só poderá ser efetuada depois da realização do evento.

Não estou a dizer que não haja legitimidade da DGS para definir regras, que não haja legitimidade democrática do partido para realizar este acontecimento. É uma questão de avaliação política”, frisou.

E Marcelo Rebelo de Sousa vincou: “São duas leituras da realidade: só depois de concretizado é que se verá quem tem mais ou menos razão. Como Presidente da República, até ficaria muito feliz se, no fim disto tudo, a generalidade dos portugueses ficasse com essa perceção positiva”.

O evento comunista, este ano, tem estado debaixo de polémica devido ao contexto pandémico de Covid-19, com críticas de vários partidos políticos mais à direita, entre outras personalidades.

As autoridades sanitárias limitaram mesmo a lotação máxima do recinto a cerca de 16.500 pessoas em simultâneo, entre esta sexta-feira e domingo, e obrigaram a plateias sentadas nos espetáculos, se consumo de bebidas alcoólicas.

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