Este sábado, Jerónimo de Sousa deu um curto passeio pelo recinto da Festa do Avante, na Quinta da Atalaia, e deixou um desafio para um visitante de outros anos. Não é um repto qualquer, já que o desafiado é o Presidente da República que ainda esta sexta-feira se declarou menos “otimista” do que o PCP sobre a realização da Festa do Avante. A Marcelo, o líder comunista lança o convite para que venha até ao Seixal, ver com os seus próprios olhos.

“O Presidente da República devia fazer aquilo que fez, que é visitar a Festa. Não é novidade, como é sabido, é ver para crer em vez de fazer juízos de valor precipitados ou não. Talvez queira dar uma mãozinha ao seu partido”, provocou. O líder do PCP apontava ao PSD que acusa de ter estado na base a “campanha violenta contra o Avante”.

Gostaríamos de ver o Presidente aqui a ver com os seus olhos e tirar as suas conclusões”.

Não há nada que faça prever a presença de Marcelo este ano, mesmo que se repitam as condições políticas de 2015: faltam quatro meses para as Presidenciais. E se nessa altura Marcelo estava à beira de ser candidato presidencial (ainda não o tinha anunciado), este ano também não parece estar num momento muito diferente. Mas no mundo vive-se uma pandemia que lançou a Festa deste ano em polémica e em limitações de lotação (cerca de 16.500 pessoas em simultâneo no máximo) e outras regras restritivas desenhadas pela DGS para o evento. Desta vez, mantém-se à distância.

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Ainda assim, não tão distante como gostariam os comunistas, já que no dia em que o Avante arrancou, Marcelo apareceu a dizer que a sua “perceção não é tão otimista como a perceção da DGS e como a perceção do partido” sobre a realização do evento. Agora Jerónimo vem responder-lhe e atirar-lhe com uma intenção política de ajudar a direita que acusa de ter feito “uma campanha muito violenta” depois da qual diz estar “admirado como há Festa” a acontecer neste momento.

Orçamento. “Há maus sinais” do Governo, mas “venha a proposta”

Já quanto à política e ao posicionamento do PCP na preparação do próximo Orçamento do Estado, o secretário-geral diz que o partido “está disponível para dar a sua contribuição”. Com um acordo escrito? “Por nós é claramente dispensável”, argumenta Jerónimo quando, sublinha, ainda nada conhece da proposta de Orçamento do Governo: “Venha a proposta”.

Rodeia a pergunta sobre se está otimista nas negociações (técnicas) que vai integrar nas próximas semanas com o Governo e prefere avisar que “ultimamente” tem “ficado um pouco preocupado, designadamente com a ideia de um aumento poucochinho do salário mínimo, quando havia uma dinâmica de aumento”.

E a outra preocupação que o comunista vai levando nesta fase é a “possibilidade” de o Governo “manter ocongelamento de salários”. “São maus sinais”, diz aos jornalistas ali no espaço central da Festa, antes de dar um pequeníssimo passeio pela rua acima em direção à feira da ladra e à roda gigante instalada na Quinta da Atalaia. Deverá voltar para jantar, mas em privado.