O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, avisou este domingo que vai vetar a proposta do ministro da Educação para introduzir o ensino do árabe no sistema escolar do país, porque o Estado é laico.

“Somos um país laico. Pessoalmente vou dizer ao primeiro-ministro que esse assunto foi vetado pelo Presidente da República. Na nossa sociedade, no nosso sistema, o árabe não faz parte do nosso ensino. Aqui é o português, francês e inglês”, disse Sissoco Embaló. O Presidente guineense falava no aeroporto de Bissau, antes de viajar para o Níger, onde vai participar, na segunda-feira, numa cimeira de líderes da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO).

A Guiné-Bissau assiste a um aceso debate à volta de uma pretensão anunciada pelo ministro da Educação, Jibrilo Baldé, de introduzir a língua árabe no sistema do ensino do país. Vários setores da sociedade guineense consideram a iniciativa do ministro como uma tentativa de reforçar a islamização do país.

“Se este assunto chegar ao Presidente da República, já aqui estou a anunciar ao primeiro-ministro, que o vou vetar”, disse Sissoco Embaló, dirigindo-se ao chefe do Governo, Nuno Nabian, que o ladeava quando falava aos jornalistas no aeroporto. Umaro Sissoco Embaló referiu, contudo, que o assunto da introdução do árabe no ensino ainda nem sequer chegou a Conselho de Ministros ou ao parlamento, mas disse não ter dúvidas de que aqueles órgãos vão rejeitar a proposta.

Embaló afirmou que na Guiné-Bissau quem quiser aprender o árabe deve ir para a Arábia Saudita ou para uma escola madrassa (escola de ensino da religião islâmica, mas onde também é ensinada outras matérias). “Eu sou muçulmano, se quiser ir à mesquita é lá comigo. O primeiro-ministro é cristão, se quiser rezar vai à igreja. Agora, não se pode introduzir o árabe aqui só porque alguém quer”, observou o Presidente guineense.

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