O principal partido no Governo são-tomense, o MLSTP-PSD “exortou” este domingo os órgãos de soberania a não criarem falsas crises institucionais e concentrarem-se no combate ao tráfico de drogas, crime organizado e corrupção no país.

Em comunicado da comissão política enviado à imprensa, o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata diz que “não existe qualquer crise institucional no país, esperando que o bom senso prevaleça e que se evite o extremar de posições, completamente descontextualizadas da situação real que o país vive”.

Para os sociais democratas, o principal problema do país é o tráfico e comercialização de droga em que podem estar envolvidas “altas esferas políticas e judiciais”.

Por isso, a Comissão Política do MLSTP/PSD “exorta o Governo a encetar contactos com países amigos e organizações internacionais ligadas ao combate à droga e crime organizado, no sentido de apoiar o país na luta contra estes males”.

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A Polícia Judiciária (PJ) são-tomense deteve, em 28 de julho, dois cidadãos de nacionalidade nigeriana e uma são-tomense na posse de cocaína que desapareceram nas suas instalações.

No dia seguinte o Ministério Público pediu à PJ para entregar os detidos junto com o processo, tendo a diretora Maribel Rocha acusado o Ministério Público de “expedientes” para perturbar as investigações.

A diretora da PJ acusou o Ministério Público de “intromissão e interrupção” de investigação sobre o desaparecimento de drogas para impedir que a polícia chegasse ao mandante do crime.

Por seu lado, a Procuradoria-Geral da República garantiu em comunicado que está a apurar a participação, “por ação ou omissão” da diretora da PJ no desaparecimento de cocaína que estava nas suas instalações.

A Comissão Política do principal partido do governo expressou seu “profundo descontentamento, pelo facto do móbil deste desentendimento (entre a PJ e o MP), ter como objeto o crescente consumo e tráfico de drogas no país, motivo mais do que suficiente para convergir os esforços de todas as instituições e Órgãos de Soberania, na luta contra este flagelo”.

No comunicado, o MLSTP-PSD apoia de “forma veemente a posição do Governo em retirar confiança ao Procurador Geral da República (PGR), pelo facto de as suas decisões e posições, terem vindo a ganhar contornos de natureza claramente política”.

O MLSTP-PSD diz que “há quase dois anos, o Procurador Geral mantém na gaveta, casos de flagrante corrupção e desvio do erário público, praticados por altos dirigentes do anterior Governo” e cita dezenas de queixa-crime remetido para o MP para investigação que não tiveram andamento.

O presidente da republica, Evaristo Carvalho em mensagem a Nação, quinta-feira, manifestou “espanto e profunda indignação” com o comunicado do conselho de ministro que “declara ostensivamente ter retirado confiança ao Procurador Geral da Republica” e disse esperar que o governo uma “retratação imediata”.

Por seu lado, a Coligação PCD-MDFM-UDD a segunda força política que sustenta o atual executivo do primeiro ministro Jorge Bom Jesus apoiou a decisão do governo em retirar a confiança Procurador-Geral da República por entender que este “não tem vindo a exercer as suas funções com a desejável transparência e isenção no que conta com a firma concordância da Coligação PCD-MDFM-UDD”.

A Coligação “lamenta e condena a forma como a droga tem vindo a circular e a ser comercializada no País”, e “insurge-se igualmente contra a forma como alguns traficantes devidamente identificados e, em determinados casos, sob a barra da justiça, tenham sido protegidos, direta ou indiretamente por responsáveis políticos ao mais alto nível”.

Fonte da Presidência da República são-tomense disse este domingo à Lusa que o chefe de Estado convocou para o dia 9 o Conselho de Estado para analisar a situação política do país.