Novak Djokovic foi evoluindo como jogador e como pessoa nos últimos anos. Nunca deixou cair o sentido de humor e não perde uma boa oportunidade para fazer uma brincadeira em termos públicos mas já não é aquela figura que fazia vídeos a imitar Rafa Nadal ou Maria Sharapova nem aquele jogador que reagia de forma intempestiva quando perdia um ponto que não podia perder. No entanto, ainda tem alguns momentos onde deixa que as emoções levem a melhor, mesmo com um resultado diferente do que aquele que levou à sua desqualificação no US Open.

Insólito: Djokovic desqualificado do US Open após atingir juiz de linha com uma bola na garganta

Foi isso que aconteceu, por exemplo, em 2016. No Masters de Roma, onde perdeu a final frente a Andy Murray, o sérvio correu o risco de ser sancionado quando bateu com a raqueta no chão, a mesma subiu e foi parar à bancada, não tendo acertado em ninguém. Menos de um mês depois, nos quartos de Roland Garros frente a Tomás Berdych, ia bater com a raqueta no chão, a mesma soltou-se na mão, saiu disparada na direção de um juiz de linha mas por sorte de todos o árbitro mostrou reflexos apurados e desviou-se a tempo. Como se percebe, o título que deu ao sérvio o Carrer Slam (venceu de forma seguida Wimbledon e US Open de 2015 e Open da Austrália e Roland Garros de 2016) e que foi o único que ganhou no Major francês ficou a centímetros de nunca ter acontecido.

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Agora, no US Open, onde disputava com o espanhol Pablo Carreño Busta uma presença nos quartos onde viria a defrontar o canadiano Denis Shapovalov, foi diferente. A perder por 6-5 no primeiro set, teve uma reação azarada de frustração, acertou com a bola na garganta de uma juiz de linha e acabou por ser desqualificado, apesar dos pedidos para que fosse sancionado com um jogo ou um set de castigo. O jornalista do The New York Times presente no evento reproduziu depois algumas frases do diálogo que Djokovic foi tendo com Lars Graff, árbitro principal do encontro. “Existem várias penalizações pelas quais se pode decidir. Jogo de penalidade, set de penalidade… (…) Ela não teve de ir para o hospital por isto (….) Vai mesmo decidir-se por uma desqualificação nesta situação? A minha carreira, um Grand Slam, o palco principal…”, disse entre outras frases tentando “minimizar” a penalização pela ação, algo que acabou por não conseguir.

Além do afastamento do torneio, perdeu os pontos que já tinha conquistado e o prize money recebido até aí, não passando também pela zona de conferências. A frio, o número 1 do ranking pediu desculpa e falou em “lição”. “Toda esta situação deixou-me triste e vazio. Perguntei pela juiz de linha e a organização disse-me que graças a Deus está tudo bem. Peço imensa desculpa pelo stress que lhe causei. Foi uma ação tão involuntária. Foi tão errada. Por razões de privacidade, não vou revelar o nome dela”, começou por referir numa mensagem deixada na sua página oficial do Instagram horas depois do sucedido e que marcou o final da primeira semana de US Open.

“Em relação à desqualificação, tenho de voltar atrás, trabalhar o meu desapontamento e transformar isso numa lição para o meu crescimento e evolução como jogador e ser humano. Peço desculpa à organização do US Open e a todos os que estão associados pelo meu comportamento. Estou muito agradecido à minha equipa e à minha família por serem quem me suporta e aos meus fãs por estarem lá sempre para mim. Obrigado e desculpem”, acrescentou o sérvio que, recorde-se, poderá ainda sofrer mais sanções além da desqualificação do Major americano, neste que foi o primeiro Grand Slam do ténis depois da pandemia num ano em que Djokovic já tinha dado nas vistas pelos melhores e pelos piores motivos: ganhou o Open da Austrália, conseguiu em Cincinnati igualar os 35 triunfos em Masters 1.000 de Rafa Nadal mas pelo meio teve o “desastre” do Adria Tour.

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