Um estudo paquistanês revelou que 95% das pessoas testadas positivas ao novo coronavírus em Carachi (sul) são assintomáticas, o que poderá explicar o número de mortes extremamente baixas relacionadas com a pandemia neste populoso país da Ásia.

A pesquisa, conduzida pela universidade Aga Khan, uma das mais prestigiadas faculdades de medicina do país, abrangeu 2.000 pessoas, numa cidade que conta com uma população de cerca de 20 milhões de habitantes.

“Das pessoas testadas positivas à Covid-19, 95% declararam não registar qualquer sintoma da doença como tosse, febre ou dor de garganta“, apesar da presença de anticorpos específicos da Covid-19 no seu sangue, indicando que foram contaminadas, declarou à agência noticiosa AFP Imran Nisar, professor assistente desta universidade.

A proporção de doentes assintomáticos no Paquistão é “muito mais elevada que no mundo desenvolvido”, indica um comunicado desta universidade divulgado na segunda-feira. Diversos investigadores consideraram que este fenómeno poderia estar relacionado com a demografia do país, onde a idade média é de 22 anos.

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Como estas pessoas assintomáticas procuram não receber tratamento hospitalar, isso poderá explicar por que motivo os hospitais paquistaneses não estão submetidos à mesma pressão que em Espanha ou no Reino Unido”, segundo a mesma fonte.

No Paquistão, com um sistema de saúde muito débil, previa-se um cenário muito complicado quando foram diagnosticados os primeiros casos de coronavírus no seu território. Mas uns meses depois, a situação não se deteriorou e os serviços de urgência não enfrentam dificuldades suplementares.

Os últimos números oficiais referem-se a cerca de 300.000 infetados e 6.300 mortos, mas diversos especialistas referiram à AFP que o número de óbitos pela Covid-19 pode atingir o dobro ou o triplo, ainda assim baixos para um país com mais de 200 milhões de habitantes.

Estes resultados, sublinha a universidade Aga Khan, estão em conformidade com um estudo nacional realizado pelo governo paquistanês, no qual os testes de despistagem de anticorpos revelaram que cerca de 11% da população contraiu a doença, ou seja, mais de 20 milhões de habitantes.