A organização Sea-Watch acusou esta terça-feira a Itália de bloquear o seu avião de reconhecimento Moonbird, na ilha de Lampedusa, para evitar que sobrevoasse o Mediterrâneo central e alertasse sobre barcos com migrantes em perigo.

A porta-voz da organização não-governamental Sea-Watch na Itália, Giorgia Linardi, deixou esta terça-feira uma mensagem nas redes sociais dizendo que o Moonbird “não pode descolar de Lampedusa” desde sexta-feira, acusando o governo italiano de impedir a sua tarefa de monitorização marítima no Mediterrâneo. “A acusação é de ter transportado, em várias ocasiões durante um longo período de tempo, pessoas que precisavam de ajuda imediata no Mediterrâneo central”, explicou Linardi, na mensagem gravada.

Linardi critica o governo italiano, dizendo que, “com a cumplicidade da União Europeia, quer que o Mediterrâneo central se transforme num buraco negro”, no qual “ninguém se atreve a dizer o que está realmente a acontecer”.

“E (o que está a acontecer) é que as pessoas ficam abandonadas durante horas, senão dias, com a cumplicidade das autoridades europeias que, como nós, as veem do ar; ou são devolvidas ilegalmente na Líbia ou abandonadas até desaparecerem ou chegarem sozinhas às costas de Lampedusa”, lamentou a responsável da Sea-Watch. “Pedimos às autoridades que intervenham sempre que observamos pessoas em perigo, nos termos da lei”, argumenta Linardi.

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Na mensagem distribuída nas redes sociais, a Sea-Watch anuncia que, desde junho, realizou 47 missões e avistou cerca de 2.600 pessoas em perigo, para as quais foi pedida “ajuda imediata”.

Segundo esta organização, no Mediterrâneo, na costa de Malta, o petroleiro Etienne tem 27 migrantes a bordo há mais de um mês, esperando que um país europeu autorize o desembarque.

Para a Sea-Watch, a situação é “desesperante”, citando o diretor da sociedade que administra o navio, Tommy Thomassen, referindo ainda que, no domingo, três migrantes saltaram para o mar, embora tenham sido resgatados depois pela tripulação.