O território separatista da Somalilândia inaugurou esta quarta-feira um escritório de representação em Taipé, numa ação condenada por Pequim, que considera Taiwan uma província e não uma entidade política soberana. O representante do território em Taiwan, Mohamed Hagi, disse que o comércio, a segurança e o desenvolvimento são aspetos essenciais para “esta relação muito especial”.

Os dois territórios são “membros da mesma comunidade de democracias, fundadas em liberdades políticas e económicas compartilhadas, bem como por valores internacionais”, disse Hagi. O ministro dos Negócios Estrangeiros de Taiwan, Joseph Wu, disse que ambos enfrentam pressões externas, mas que estão “orgulhosos da soberania e prontos para defendê-la”.

Taiwan tem apenas 15 aliados diplomáticos formais e é considerado pela China como parte do seu território, enquanto a Somalilândia é reconhecida internacionalmente como parte da Somália, da qual se separou em 1991, quando o país entrou em guerra civil.

A Somalilândia foi em grande parte poupada da violência e dos ataques extremistas que assolaram o resto da Somália.

Embora nem Taiwan nem a Somalilândia sejam reconhecidos pelas Nações Unidas, ambos mantêm os seus próprios governos, moedas e sistemas de segurança independentes.

As movimentações para formalizar os laços começaram depois de Wu e o homólogo da Somalilândia, Yasin Hagi Mohamoud, terem assinado um acordo bilateral em Taipé, em 26 de fevereiro passado.

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Taiwan tem fornecido bolsas de estudo para estudantes da região, que tem 3,9 milhões de pessoas, e cooperado em áreas como pesca, agricultura, energia, mineração, saúde pública e educação.

Após o anúncio em julho do acordo para estabelecer escritórios de representação, o Governo chinês acusou Taiwan de “minar a soberania e integridade territorial da Somália”.

“A China opõe-se firmemente a que Taiwan e a Somalilândia estabeleçam uma agência oficial ou realizem qualquer forma de intercâmbio oficial”, disse então o porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros Zhao Lijian.

A China tentou destruir acordos semelhantes no passado, recorrendo aos seus enormes recursos económicos para conquistar aliados de Taiwan.

China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo Governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas.

A ilha funciona como uma entidade política soberana, apesar de o regime chinês considerar que está sob a sua soberania. Pequim condena qualquer contacto oficial entre a ilha, de 23 milhões de habitantes, e autoridades estrangeiras.