O ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal, Augusto Santos Silva, lamentou esta quinta-feira a decisão britânica de excluir Portugal continental da lista de países seguros.

“Lamentamos a decisão britânica de excluir Portugal continental da lista de países isentos de quarentena, mas valorizamos a manutenção dos Açores e da Madeira”, reagiu o MNE no Twitter, depois de o Governo britânico ter anunciado que a partir de sábado quem regresse do continente terá de cumprir duas semanas de isolamento ao chegar ao Reino Unido.

O ministro acrescentou, na mesma publicação, que as regras sanitárias implementadas em Portugal têm controlado a covid-19.

“As nossas regras sanitárias e a eficácia do nosso SNS [Sistema Nacional de Saúde] têm reconhecidamente permitido controlar os efeitos da pandemia”, pode ler-se na conta oficial do MNE no Twitter.

Santos Silva frisou que continuará a ser enviada para o Governo britânico a informação relativa à evolução da covid-19 no país.

“Portugal continuará a remeter toda a informação sobre a evolução da situação epidemiológica no espírito de total transparência que caracteriza o nosso diálogo com o Reino Unido”, acrescentou.

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Portugal foi incluído na lista dos países com “corredores de viagem” com o Reino Unido há três semanas, em 20 de agosto, porém o aumento contínuo do número de casos de infeção em Portugal terá pesado na decisão, que era esperada na semana passada, quando ultrapassou o valor de 20 casos por 100 mil habitantes.

Quem chegar a Inglaterra a partir dos destinos definidos pelo Governo depois das 4h00 de sábado, precisará cumprir 14 dias de quarentena. De fora ficam a Madeira e os Açores.

O ministro dos Transportes, Grant Shapps, na rede social Twitter, explicou que, graças a um tratamento de informação mais aprimorado, o Governo britânico tem agora a capacidade de avaliar ilhas separadas dos territórios continentais e passou a instituir “corredores de viagem regionais”.

A Escócia já tinha excluído Portugal da sua lista de “corredores internacionais” a partir de 05 de setembro, enquanto que o País de Gales aplicou restrições um dia antes, mas também manteve a Madeira e Açores isentos de quarentena.

O governo autónomo da Irlanda do Norte ainda não anunciou uma alteração nas restrições, mas em geral acompanha as decisões de Londres.

Portugal contabilizou esta quinta-feira 585 novos casos de infeção relacionados com a pandemia de covid-19 e na véspera tinha registado 646, mais do dobro das registadas na terça-feira.

O índice de transmissibilidade efetivo (Rt) encontra-se atualmente nos 1,12, um valor considerado de risco.

A situação epidemiológica de covid-19 em Portugal agravou-se desde meados de agosto, de acordo com um estudo da Direção-Geral da Saúde (DGS) e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA), tendo sido registadas 3.909 novas infeções entre 17 e 30 de agosto.

A lista de “corredores de viagem” tem atualmente menos de 70 países e territórios, tendo sido excluídos desde julho Suíça, República Checa e Jamaica, Croácia, Áustria e a ilha de Trinidade e Tobago, França, Países Baixos, Mónaco, Malta, as ilhas Turcas e Caicos e Aruba, Bélgica, Andorra, Bahamas, Espanha e Luxemburgo.

Cuba, Estónia, Letónia, Eslováquia, Eslovénia, o arquipélago de São Vicente e Grenadinas, Brunei e Malásia foram adicionados nas semanas anteriores.