A partir das 4h00 de sábado, Portugal continental vai voltar a estar entre os países considerados inseguros em contexto de pandemia para Inglaterra, anunciou o ministro britânico dos Transportes, Grant Shapps. Desta forma, qualquer pessoa que viaje para Inglaterra a partir de Portugal depois daquela hora terá de entrar em auto-isolamento. 

A medida foi anunciada por Grant Shapps esta quinta-feira pelo Twitter, onde deixou ainda assim claro que tanto os Açores como a Madeira continuam a ser considerados seguros por Inglaterra — e, como tal, não estão englobados pela ordem de quarentena a quem chegue a Inglaterra a partir daqueles arquipélagos.

“Os dados provam que temos retirar Portugal (menos os Açores e a Madeira), a Hungria, a Polinésia Francesa e Reunião da lista do corredor aéreo para mantermos toda a gente em segurança. Quem chegar a Inglaterra a partir destes destinos a depois das 4h00 de sábado terá de entrar de ficar em auto-isolamento  durante 14 dias”, escreveu Grant Shapps no Twitter.

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Sobre a exclusão dos Açores e a Madeira na medida anunciada esta quinta-feira, que não tinham sido alvo de exceção quando todo o território português foi colocado no início de julho, o governante britânico permite que a existência melhores dados permitiu essa distinção.

“Através de um melhoramento dos dados agora é-nos possível avaliar as ilhas de maneira separada do território continental dos seus países”, disse, para reforçar: “Se chegar a Inglaterra a partir dos Açores ou da Madeira, não vão ter de fazer um auto-isolamento de 14 dias”.

Grant Shapps adiantou ainda que a Suécia foi retirada da “lista negra” de Inglaterra, e passa assim a ser um país considerado seguro em contexto de pandemia.

Apesar de ser ministro de todo o Reino Unido, a decisão anunciada por Grant Shapps tem apenas efeitos em Inglaterra. As restantes nações do Reino Unido (Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales) têm o poder de tomar decisões semelhantes da sua parte. De resto, a 3 de setembro a Escócia e o País de Gales já tinham voltado a colocar Portugal (incluindo as ilhas, no caso do primeiro; excluindo as ilhas, no caso do segundo) na lista de países a partir dos quais todos os passageiros dali chegados teriam de fazer uma quarentena de 14 dias.

Irlanda do Norte segue decisão de Shapps e deixa Portugal de fora

Já esta sexta-feira, os media ingleses avançaram que a Irlanda do Norte completará a lista de nações do Reino Unido a impor quarentena de 14 dias aos turistas que regressem de Portugal continental. A informação consta já no site oficial do governo do Reino Unido, onde é possível ver a lista de países para os quais não se desaconselham as viagens nem obrigam a quarentena no regresso.

Foi a última nação a tomar a decisão pública, mas produzirá efeitos na mesma data: a partir das 4 horas do próximo sábado dia 12 Portugal fica fora da lista de países seguros. A única exceção será para os turistas que estejam nos arquipélagos da Madeira ou Açores, que não precisarão de cumprir quarentena no regresso a casa já que as regiões autónomas se mantêm na lista dos países com corredores aéreos por manterem baixos níveis de infeção na população.

Marcelo fala em “sensação de injustiça” por ver Algarve “punido”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, reagiu à notícia vinda de Londres dizendo que há uma “certa sensação de injustiça” em relação ao regresso de Portugal à “lista negra” do Reino Unido para viagens em contexto de pandemia.

“Vemos sempre uma certa sensação de injustiça, uma vez que nós não fechamos a entrada a países que têm situações bem mais difíceis e complicadas do que a nossa. E também uma sensação de injustiça porque não se pode dizer que todo o território continental esteja na mesma situação”, disse. “É compensado ao vermos pela alegria de vermos que Açores e Madeiras não são atingidos, mas verdadeiramente não há em termos de números uma situação igual entre as grandes áreas metropolitanas e o resto do território.”

Marecelo Rebelo de Sousa disse ainda que “o Algarve é muito punido por esta decisão”, acrescentando que o é “injustamente”.

“Esperamos agora que com o tempo possa haver, o mais rápido possível, até em função das medidas anunciadas pelo Governo, e a sua aplicação e compreensão pelos portugueses, que possa haver a ultrapassagem desta situação”, acrescentou.

Governo lamenta a decisão e diz que pandemia está controlada

Da parte do Governo português, a primeira reação partiu por parte do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE). Na sua conta oficial de Twitter, o MNE publicou uma nota onde lamenta a medida anunciada — mas, em linha com o que foi dito pouco depois por Marcelo Rebelo de Sousa, realçou o facto de as ilhas não serem incluídas nessa exclusão.

“Lamentamos a decisão britânica de excluir Portugal continental da lista de países isentos de quarentena, mas valorizamos a manutenção dos Açores e da Madeira”, lê-se naquela nota, onde o MNE afirma ainda que as “regras sanitárias” e a “eficácia” do SNS “têm reconhecidamente permitido controlar os efeitos da pandemia”.

Num segundo tweet, o MNE garantiu que “Portugal continuará a remeter toda a informação sobre a evolução da situação epidemiológica no espírito de total transparência que caracteriza o nosso diálogo com o Reino Unido”. Além disso, deixou ainda um reparo em que diz que os países devem manter o combate à Covid-19 “juntos, com firmeza, equilíbrio e previsibilidade”.

Artigo editado às 11h05 de 11 de setembro para acrescentar informação sobre a decisão da Irlanda do Norte