Da “perda negra” que a morte precoce dos pais provocou às mais recentes conquistas — abafadas pela “fumarada” da vinda de Jorge Jesus para o Benfica. “As nossas vitórias deviam ter tido um impacto diferente na imprensa”, afirma mesmo o técnico do FC Porto, ao longo de uma entrevista à revista NS, do Jornal de Notícias, publicada este domingo, e na qual desabafa sobre a atenção mediática — ou falta dela — concedida aos mais recentes títulos conquistados pelos dragões.

“Se chegasse aqui após ganhar a taça de Portugal e o campeonato não perceberia quem é que tinha ganho, sinceramente. Toda essa fumarada que se criou a vinda do Jorge Jesus, e sabendo que eu me dou bem com o Jorge Jesus”

Ainda sobre a relação com atual treinador dos encarnados, Sérgio Conceição admite que já não fala com Jesus “há algum tempo”. “É mais difícil falar com o Jorge Jesus quando se ganha, porque fica todo….(risos)… e ele no Flamengo ganhou algumas coisas portanto foi muito mais difícil”.

Em vésperas do retomar de nova época, agora com JJ no banco encarnado, o treinador azul e branco não tem dúvidas sobre o caminho trilhado pelo clube e comenta o investimento a sul. “Estamos bem, estamos no bom caminho, mas futebol é um recomeçar constante. Benfica tem uma equipa técnica nova, mudou alguns jogadores, é verdade que está a gastar mais porque com certeza precisa mais do que o FC Porto. Nós somos campeões”, enquadra, admitindo que “é normal que se tente ajustar” depois de uma época que não correu da melhor forma.

Quanto ao balanço, zero hesitações no veredicto. Tem o FC Porto a hegemonia do futebol português? “Não há duvidas, mas não sou eu que o digo, são os títulos conquistados nos últimos tempos, num passado recente. É também o FC Porto no confronto direto com os outros rivais tem levado a melhor, não só nesses jogos mas nos títulos ganhos.”

Sobre a o eventual regresso de público às bancadas, Conceição recusa comentar regras da DGS mas acredita que “em estádios de 40 ou 50 mil pessoas talvez fosse possível meter alguma percentagem dessa ocupação. Era melhor para toda a gente. O futebol sem adeptos é a mesma coisa que um baile ou uma festa sem música”, aponta o treinador para quem as noites que se seguem a derrotas em campo são “muito más”, cenário que não melhora necessariamente no rescaldo de um triunfo. “Sofro muito com a derrota e não sou muito feliz com a vitória”, admite o técnico, justificando que perda dos pais “moldou essa vontade de triunfar”. “Vivo com uma parte negra dentro de mim por essa felicidade nunca ser máxima, pela falta que me fazem os meus pais”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR