No final de outubro, e depois de ter rescindido o protocolo com as claques Juventude Leonina e Directivos Ultras XXI, a Direção do Sporting enviou uma notificação para que ambas deixassem as instalações que ocupam em Alvalade num prazo de cinco dias. Nada se passou. E também as forças de autoridade explicaram que não podiam tomar qualquer tipo de atitude em relação a isso. Um mês depois, os responsáveis verde e brancos cortaram água e luz dos espaços e avançaram com a ação de despejo para tribunal, no seguimento de várias reuniões que foram mantendo a nível institucional que foi mantendo para tentar resolver o assunto. Nada se passou. Agora, a meio de setembro de 2020 e com uma pandemia pelo meio, as claques receberam nova ação de despejo.

Direção do Sporting envia notificação: claques têm de abandonar espaços no estádio nos próximos cinco dias

O Observador confirmou que a carta chegou na passada sexta-feira a ambos os Grupos Organizados de Adeptos, de novo com um prazo de cinco dias para que desocupassem o espaço. Pelo meio, e sobretudo depois da fase de confinamento em que o clube “parou” como o país, a questão não mais se voltou a colocar e, apesar de terem continuado a colocar tarjas de quando em vez pedindo a demissão de Frederico Varandas, Rogério Alves e Hugo Viana, voltaram também a apoiar a equipa principal de futebol de forma mais “presencial”, como aconteceu junto ao hotel no Porto antes do jogo no Dragão ou à porta da Academia antes da partida na Luz. Agora chegou nova ação de despejo, que as claques não reconhecem – e que não deverão cumprir.

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“A Juventude Leonina vem relembrar que o espaço que a Associação ocupa, designadamente a sua sede, não são pertença do Sporting nem da administração da SAD, pelo que, não reconhecemos legitimidade, nem o direito de exigirem que entreguemos os referidos espaços. Durante todos estes meses, afetados pela pandemia da Covid-19 e perante todas as limitações que nos foram impostas pela DGS, esta Associação não parou de trabalhar, tendo apoiado dezenas de famílias e instituições que passaram e continuam a passar por várias dificuldades. Nunca deixámos de apoiar a nossa equipa de futebol, tendo marcado presença em todos os jogos realizados com frases de apoio e incentivo aos nossos jogadores. Nunca nos negámos no apoio às equipas do Sporting mas também não escondemos, que existe uma divergência, que não terá solução, com a atual Direção, pelo que não baixaremos a guarda e continuaremos a lutar e a defender o grande Sporting. Constatamos que Frederico Varandas e seus comandados não se esqueceram da Juventude Leonina, voltando a apontar o dedo aos grupos organizados, quando tem no seio do clube problemas gravíssimos para resolver”, referiram em comunicado.

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“Verificamos que no Sporting continua a reinar a desorganização total, que já existia antes da pandemia e que continua a agravar-se dia após dia, com o nome do Sporting todos os dias nas bocas do mundo pelos piores motivos. Uma direção que vem da pior época desportiva de sempre e que se orgulha de ter apresentando uns míseros 12 milhões de lucro mas que deve mais de 12 milhões ao SC Braga por um treinador, não pondo em causa a qualidade do mesmo. Uma direção que continua a aumentar a dívida do clube à SAD, a aumentar as dívidas a fornecedores e a faltar ao pagamento a jogadores, já para não falar da desvalorização do plantel e da venda de jogadores a preço de saldo, mas continua a aumentar os colaboradores e respetivos ordenados. A desculpa continua a ser Alcochete e a herança pesada, que o próprio Salgado Zenha acabou por desmentir pois não encontraram qualquer buraco nas contas”, acrescentou a missiva da Juventude Leonina.

“Reitera-se que o espaço localizado junto ao Estádio José Alvalade, onde os membros da Associação Directivo Ultras XXI se reúnem e que corresponde à sua sede social, como deveria ser do conhecimento da Direção do Sporting e da Administração da Sporting SAD, não é propriedade de nenhuma destas entidades, pelo que as mesmas não possuem legitimidade para ordenar a esta Associação que a entrega do mesmo lhes seja realizada.  Reiteramos assim que, caso alguma das referidas entidades pratique, de forma ilegal, atos tendentes ao esbulho violento do referido espaço, no sentido de se apropriarem ilegitimamente do mesmo, esta Associação agirá em conformidade, recorrendo aos meios legais ao seu dispor para fazer cessar, cautelar e definitivamente, a violação dos seus direitos”, começou também por defender o Directivo em comunicado.

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“Esta Associação nunca deixou de trabalhar em prol de quem, sportinguista ou não, se viu confrontado com uma necessidade extrema de auxílio, cumprindo assim a função social que a norteia e caracteriza desde a sua fundação. Após o confinamento, e apesar de todas as limitações impostas, esta Associação nunca deixou de apoiar a equipa de futebol profissional com sentido de responsabilidade cívica e respeitando as regras vigentes. Durante todo este período, e não obstante as divergências insanáveis que são do conhecimento público, face a uma situação de exceção, agimos de forma excecional e, com o nosso silêncio, promovemos a paz e a serenidade essenciais para que esta Direcção e Administração da SAD pudessem exercer as suas funções num cenário económico e social único e imprevisível (…) Por sua vez, aquilo a que temos assistido desde então, no seio do nosso clube, é o continuar do desgoverno total que já pautava a atuação dos órgãos sociais do clube e da SAD antes da pandemia e que era motivo de forte contestação por associados e adeptos”, prosseguiu a missiva.

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“A conclusão da pior época desportiva de que há memória, o acumular de dívidas e de faltas de pagamento a clubes e jogadores, a multiplicação dos processos judiciais contra a Sporting SAD, o aumento da dívida do clube à SAD, os enxovalhos públicos diários pela falta de capacidade de honrar compromissos assumidos, a continuação da política de enfraquecimento da equipa profissional de futebol, a continuação da desvalorização de importantes ativos da Sporting SAD, o pagamento de montantes recordes de comissões na compra, venda, empréstimo e rescisão de jogadores e a reiterada desculpabilização desta atuação com a já conhecida ‘herança pesada’ (…) Afigura-se ser perfeitamente incompreensível que, com tantos problemas para resolver interna e externamente, a tentativa de apropriação da sede desta Associação seja uma prioridade para o Dr. Frederico Varandas e que o leve a preocupar-se mais em antagonizar este grupo de associados do que em parar de arrastar o bom nome do nosso clube na lama como o tem vindo a fazer sucessiva e ininterruptamente”, completou.