Mais oito pessoas foram retiradas de suas casas no concelho de Oleiros durante a tarde de esta segunda-feira, devido ao incêndio que lavra no município e que teve início no domingo em Proença-a-Nova. A informação foi dada à agência Lusa pelo presidente da câmara. Fernando Jorge Marques adiantou que as pessoas foram deslocadas nas localidades de Pisureira e Rouco devido à ameaça das chamas.

Entre domingo e a manhã de esta segunda-feira, já tinham sido retiradas das suas casas em aldeias e povoação mais de 20 pessoas. O incêndio continua a preocupar os operacionais no terreno, nomeadamente na zona de Oleiros. Às 21h11, mais de mil operacionais lutavam contra as chamas no terreno, apoiados por 341 veículos terrestres.

Grande foco de preocupação continua a ser Oleiros

Ao final da tarde, o comandante Belo Costa, da Proteção Civil, fez um ponto de situação, dando conta de que o objetivo e desejo é que “durante a noite, toda a noite, consigamos resultados melhores. Não quer dizer que não haja sobressaltos, coisas que corram menos bem, é normal num incêndio destes. Mas não queremos que haja acidentes e iremos deixar de combater o incêndio se tal for necessário para defender as pessoas”.

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Os resultados estão mais favoráveis, é o balanço que se pode fazer a esta hora”, apontou ainda.

Relativamente às frentes que causam maior preocupação, o comandante Belo Costa afirmou ainda que estão “todas no concelho de Oleiros”. Ainda que exista “um ou outro ponto quente tanto no concelho de Castelo Branco como em Proença-a-Nova”, é necessário “concentrar tudo para resolver a situação no concelho de Oleiros, mais a norte. Para termos uma ideia, a frente norte está muito próxima do limite com o distrito de Coimbra”.

Já relativamente à evacuação de casas em populações de Oleiros, apontou: “Nesta altura aquela cintura de povoações no concelho de Oleiros que nos suscitava grande preocupação passou, defendemo-las todas sem que ninguém se aleijasse”.

Há algum património que foi afetado, não temos ainda noção exata da dimensão mas foram afetados alguns barracões, duas casas devolutas [desabitadas] e uma casa de segunda habitação. Mas o levantamento não está feito. Em termos de pessoas, não houve danos pessoais”, destacou.

Assumindo que “algumas pessoas” deslocadas e retiradas das suas casas “ainda estão nas zonas de concentração criadas para o efeito”, Belo Costa referiu que “a GNR está a fazer avaliação das condições de segurança para as pessoas retornarem às suas habitações, o que esperamos que aconteça rapidamente. Apesar de ainda haver ali algumas povoações na linha de fogo, não nos preocupam tanto como à hora de almoço”.

O fogo que deflagrou em Proença-a-Nova no domingo alastrou aos concelhos de Castelo Branco e Oleiros, sendo neste último município que as atenções da Proteção Civil estiveram mais focadas nas últimas horas.

O incêndio, que queimou quase 2.300 hectares em menos de três horas no seu início, contava com um perímetro de mais de 55 quilómetros durante a tarde, como afirmou previamente o comandante operacional do Agrupamento Distrital do Centro Sul, Luís Belo Costa. Posteriormente, superou os 60 quilómetros de perímetro.

Durante a noite e a manhã foi impossível fazer um combate direto à cabeça de incêndio.

“Nas primeiras duas horas e 40 minutos (do início do incêndio) queimou quase 2.300 hectares. Manteve-se com esta energia durante toda a noite e ao contrário das expectativas de que a noite trouxesse alguns benefícios para combater [o fogo] isso não veio a acontecer”, tinha dito Luís Belo Costa, durante uma conferência de imprensa anterior que teve lugar no posto de comando, em Sobreira Formosa, no concelho de Proença-a-Nova.

Segundo dissera então o responsável, apesar do tempo “mais encoberto e fresco” que se tinha registado na manhã de segunda-feira, o dispositivo de combate não estava a conseguir “colocar meios a combater na linha de propagação do incêndio” que alastrou aos concelhos de Oleiros e Castelo Branco.

O incêndio de “grandes dimensões”  estendeu-se aos concelhos de Castelo Branco e de Oleiros e continuava a meio da tarde com “grande evolução”, disse fonte do Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) local.

Bombeiros feridos em Proença-a-Nova estão “estáveis”

Os dois bombeiros estão “estáveis” e a recuperar nos Hospitais da Universidade de Coimbra, disse à agência Lusa fonte hospitalar.

Segundo o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, os dois bombeiros da corporação de Proença-a-Nova apresentam queimaduras na face e mãos, e não estão “entubados nem ventilados”.

Ambos estão estáveis, estando um internado na unidade de queimados e outro na unidade de cirurgia plástica”, adiantou a mesma fonte, explicando que os dois elementos têm menos de 30% do corpo queimado.

Marcelo visitou bombeiros feridos

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou esta segunda-feira no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra os dois bombeiros feridos no combate ao incêndio. Esta informação consta de uma nota publicada esta segunda-feira à noite no portal da Presidência da República na Internet.

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa visitou hoje [segunda-feira], no Centro Hospitalar de Coimbra, os dois bombeiros feridos no domingo no incêndio de Proença-a-Nova, Hugo Martins e Eurico Martins, a quem desejou as melhoras das queimaduras que sofreram no exercício das suas nobres e abnegadas funções ao serviço da comunidade”, lê-se na nota.

Autarca de Proença-a-Nova refere “insuficiência de meios” na fase inicial

O presidente da Câmara Municipal de Proença-a-Nova, João Lobo, considerou esta segunda-feira que “houve insuficiência de meios” na fase inicial do combate ao incêndio que deflagrou no domingo naquele concelho do distrito de Castelo Branco.

“Foi um fogo muito rápido na sua progressão e houve, de facto, insuficiência de meios na sua parte inicial”, refere o autarca num comunicado enviado à Lusa, sobre o ponto de situação do incêndio que “continua ativo” e atinge, também, os concelhos de Oleiros e Castelo Branco.

João Lobo justificou a afirmação com o exemplo da povoação das Fórneas, que esteve “sem carros de combate” e onde “a população teve de se unir e fazer um esforço para salvaguardar a aldeia”.

O autarca aproveitou, ainda, para salientar “a importância das faixas de gestão de combustível” na prevenção e proteção das populações em caso de incêndio florestal.

As Fórneas, e bem, fez essa faixa e foi exatamente por isso que, com a gravidade de todo o cenário, houve capacidade de contenção do incêndio e, depois, de combate mais eficaz”, assinalou.

O presidente da câmara adiantou que “Dáspera foi a mais afetada” pelo incêndio, que atingiu também as povoações de Cunqueiros, Travesso, Herdade, Esfrega, Mó e Alvito da Beira, uma vez que o fogo “penetrou no núcleo da aldeia”, embora sem criar danos em casas de habitação “também muito por influência da população” que teve, depois “o apoio dos bombeiros durante a noite”.

Apesar de o fogo ainda estar ativo, o autarca revelou que já havia, “na manhã desta segunda-feira [hoje]”, equipas do município a fazer “um primeiro levantamento dos danos e das necessidades das populações” relativamente à parte agropecuária e aos danos nas infraestruturas, para “tentar perceber o tamanho desta que já é uma tragédia” devido à “área imensa de devastação” que provocou.

João Lobo apontou o “problema que é a gestão florestal e a continuidade, ao longo dos anos, dos ciclos de fogo que vão dizimando a capacidade de gerar riqueza através da floresta e dos seus ativos”, para repartir entre os municípios e a administração central a responsabilidade de encontrar “soluções pensadas, rápidas e que se traduzam em ação”.

Apesar das medidas que têm vindo a ser tomadas, tem, de uma vez por todas, de haver resposta para um problema com consequências gravíssimas que se traduzem no definhamento destes territórios, no seu despovoamento e na falta de capacidade de voltar a gerar riqueza a partir da floresta”, defendeu.

A finalizar, João Lobo deixou uma palavra para os bombeiros que ficaram feridos e enalteceu o facto de que, “neste momento, nenhum deles se encontra em perigo”, mas lembrou que “dois deles ficarão com sequelas devido às queimaduras que sofreram”.

A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) conta dominar na próxima madrugada o incêndio de Proença-a-Nova.

Com o conjunto de indicadores com que trabalhamos – número de efetivos, equipamento à disposição e os indicadores meteorológicos, nomeadamente o vento – contamos durante a madrugada dominar o incêndio”, adiantou o comandante operacional de Agrupamento Distrital do Centro Sul.

Notícia atualizada às 22h11 com as declarações do Presidente da Câmara de Proença-a-Nova.