“O único arrependimento que tenho é não ter dado na cara desse babaca“. Depois de ter sido expulso, um jogador pode fazer mea culpa, pode falar em injustiça ou pode pelo menos remeter-se ao silêncio. No caso de Neymar, não foi nenhuma das três. E o babaca, para dar contexto, é Álvaro Domínguez, central espanhol do Marselha. O jogo que o conjunto de André Villas-Boas ganhou no Parque dos Príncipes frente ao PSG por 1-0 com golo de Thauvin no seguimento de um livre lateral ainda na primeira parte acabou da pior forma com um total de cinco vermelhos, ameaças, agressões, cuspidelas e tensão nas palavras mas prometer não ter acabado no apito final.
Único arrependimento que tenho é por não ter dado na cara desse babaca
— Neymar Jr (@neymarjr) September 13, 2020
Se no primeiro tempo Neymar, que estava de regresso às opções de Thomas Tuchel depois de ter estado infetado com Covid-19 após a final da Champions (provavelmente contraído nas férias em Ibiza, à semelhança de vários companheiros de equipa), foi o alvo principal da defesa do Marselha, a partir do minuto 36 o duelo centrou-se no brasileiro e no espanhol, depois de uma alegada frase racista do central ex-Villarreal. “O VAR pegar a minha ‘agressão’ é mole… Agora quero ver pegar a imagem do racista a chamar-me de ‘Mono hijo de puta’, isso é que quero ver”, escreveu também nas redes sociais Neymar, que quando se encaminhava para os balneários após a expulsão voltou a dizer ao quarto árbitro de forma percetível “Racismo não, racismo não!”.
VAR pegar a minha “agressão” é mole … agora eu quero ver pegar a imagem do racista me chamando de “MONO HIJO DE PUTA” (macaco filha da puta)… isso eu quero ver!
E aí? CARRETILHA vc me pune.. CASCUDO sou expulso… e eles? E aí ?— Neymar Jr (@neymarjr) September 13, 2020
Antes, no início desse lance que terminou com Neymar de dedo em riste para Álvaro, o espanhol queixava-se de ter sido cuspido por Ángel Di María. Com VAR e após consultar o quatro árbitro, o juiz principal mandou seguir. Mas foi essa atitude mais permissiva que levou a que os ânimos se excedessem. No caso do brasileiro e do rival direto em campo, estiveram quase uma hora pegados entre “bocas” e palmadas na cabeça. Quando Paredes perdeu a cabeça num lance com Benedetto, no quinto minuto de descontos, houve batalha campal com murros entre Kurzawa e Amavi, Paredes a ver o segundo amarelo que devia ser vermelho direto e Benedetto a ver o segundo amarelo sem que se percebesse porquê, Neymar a aproveitar a confusão e a descarregar em Álvaro. O PSG acabou com oito, o Marselha com nove e o guarda-redes Mandanda, o melhor em campo, segurou a vantagem para os visitantes, naquela que foi a segunda derrota seguida dos parisienses.
5️⃣ expulsões num final de jogo durinho entre PSG e Marselha ???? #Ligue1Eleven pic.twitter.com/zMcKHDkjjU
— ELEVEN Portugal (@ElevenSports_PT) September 13, 2020
Ainda sem saber ao certo o que se tinha passado, Leonardo, diretor desportivo do PSG, admitiu que terá de haver uma conversa com o grupo. “A equipa fez um bom jogo. Se fosse boxe, tínhamos vencido. Podíamos ter vencido. A culpa também é dos jogadores, vamos conversar sobre isso internamente. Futuro de Tuchel? Depois de um jogo com este, fazer essa pergunta fica complicado… Há muitos fatores: acabámos a Champions, começámos logo o campeonato, depois tivemos o problema da Covid-19… Não podemos esquecer-nos do contexto complicado”, disse o brasileiro. E até os treinadores se pegaram no final do encontro, como admitiu Villas-Boas.
Neymar has unleashed via social media, accusing Alvaro Gonzalez of calling him 'a monkey son of a bitch' ????????????#Neymar pic.twitter.com/Owkq9xhcZp
— Sports Vai (@SportsVai) September 14, 2020
“Ele [Tuchel] disse-me que esperava que eu tivesse jogado na lotaria esta noite e eu respondi-lhe que esperava que ele também tivesse jogado na lotaria contra a Atalanta [quartos da Liga dos Campeões, vitória com dois golos nos descontos]. Álvaro? Espero que isso não obscureça a nossa vitória. O Álvaro é um jogador experiente. Obviamente que não há espaço para o racismo no futebol mas acho que ele não disse nada racista. E houve a cuspidela do Di María, que é de evitar… É uma grande alegria ganhar aqui depois de tanto tempo, dou os parabéns aos jogadores que foram grandes. Eles levam dez anos de domínio mas isso custou-lhes mais de 1.000 milhões de euros. Eles querem é ganhar a Liga dos Campeões mas aí ainda não conseguiram”, comentou na conferência de imprensa o português, após o final do encontro que acabou com um jejum de dez anos em Paris.
.@Ligue1_POR | @PSG_English 0-1 @OM_portugues | GOLO!
Thauvin no sítio certo para finalizar!!! O Marseille já vence em Paris ???????? #Ligue1Eleven pic.twitter.com/QplIOLWZpp
— ELEVEN Portugal (@ElevenSports_PT) September 13, 2020