O secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE) quer que o Governo inclua os professores que pertencem a grupos de risco e ficarão em casa no plano de regresso às aulas e exigiu esta segunda-feira investimento na digitalização das escolas.

“Sabemos que não é possível garantir ensino presencial com professores em teletrabalho, mas os professores em teletrabalho podem disponibilizar apoio e acompanhamento aos alunos que estão carentes de mais informação. Também cabe, de imediato, ao Ministério da Educação fazer o reforço de assistentes operacionais e concretizar o plano de digitalização nas nossas escolas”, disse João Dias da Silva.

Ao lado do presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos de Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, e do presidente do conselho executivo da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), Jorge Ascenção, e junto à Escola Básica Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, João Dias da Silva lembrou que se ocorrerem casos ou surtos relacionados com o novo coronavírus “todo o reforço digital e de docentes” será “necessário e fundamental”.

“Haverá turmas que terão de ficar em casa em situação profilática. Era preciso que as escolas tivessem equipamentos para que esses alunos não fiquem longe da escola e desintegrados da escola”, disse. João Dias da Silva frisou que é com lamento que vê “o Ministério da Educação a prescindir do trabalho de professores que pertencem a grupos de risco, impedindo que estes possam continuar a trabalhar com as suas escolas e com os seus alunos como complemento ao esforço que está a ser realizado nas escolas”.

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O líder da FNE considerou que “depois do distanciamento físico em relação às escolas” motivado pela pandemia da Covid-19 que obrigou a maior parte dos alunos a deixar de frequentar as aulas em meados de março, os “novos alunos” do ano letivo 2020/2021 serão “alunos completamente diferentes”.

“Aqueles alunos que conhecíamos em março do ano passado não vão ser os alunos que vamos receber este ano. Aprenderam umas coisas e desaprenderam outras. É preciso um esforço enorme de recuperação e adaptação”, apontou. João Dias da Silva também manifestou preocupações com as aulas de educação física, musical e de informática devido à partilha de materiais e instrumentos, bem como por causa das diferenças infraestruturais entre instalações. “Todos sabemos que existem pavilhões e balneários [desportivos] com melhores ou piores condições. E a partilha de ratos, teclados, instrumentos musicais, tudo isto obrigará a uma atenção permanente por professores e funcionários, mas também alunos. Temos de estar cientes que somos responsáveis pelos comportamentos que temos e todos temos de colaborar em equipa para que os riscos sejam o mínimo possível”, concluiu.

A pandemia de Covid-19 já provocou quase 925 mil mortos no mundo desde dezembro do ano passado, incluindo 1.871 em Portugal.