Países de todo o mundo juntaram recentemente mais uma preocupação à gestão da pandemia da Covid-19: o regresso às aulas e o impacto que isso pode ter na propagação do vírus. Muitos países já tinham anunciado as medidas que iam tomar, alguns ainda as estiveram a adaptar e outros começam agora a vê-las em prática. Em Portugal, esta semana será determinante já que milhares de crianças e adolescentes reencontram os seus colegas e professores. O que se está a passar noutras latitudes?

“Bons amigos”, “bem-vindos às aulas”, “feliz novo semestre” – segundo o espanhol El País, são mensagens destas que se leem na entrada da escola primária da Universidade Tsinghua, em Pequim. Cartazes roxos e amarelos com estas frases receberam os alunos do segundo ao quarto ano de escolaridade, a “fatia” de crianças que ainda faltava reintegrar  num universo que no total, só neste estabelecimento, envolve 2.200 alunos. Vários professores iam medindo a temperatura dos pequenos que chegavam e grupos de pais voluntários distribuíam máscaras a todos os que se tinham esquecido delas.

Exemplos como este têm-se visto na capital chinesa pelo menos desde o passado dia 1 de setembro, data em que começou o regresso faseado às aulas de 280 milhões de alunos de todo o país. Entre os vários requisitos que as crianças têm de cumprir encontram-se, por exemplo, a necessidade de trazer sempre consigo uma lista das temperaturas registadas ao longo dos últimos 14 dias e até um formulário separado, preenchido com a temperatura registada nesse dia. Também devem-se fazer acompanhar sempre de duas máscaras (uma em utilização e outra de reserva).

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As informações oficiais conhecidas até agora não dão conta de qualquer incidente ou infeção relatada ao longo deste processo de regresso às aulas. Aliás: a China não regista uma única nova infeção de transmissão local há 23 dias consecutivos, tendo apenas um punhado de casos importados. Como afirmam os jornais chineses, este regresso às aulas aparentemente bem sucedido é mais uma prova de que o país considera o vírus derrotado para sempre.

Dez dia depois do início das aulas em França, em muitas escolas a principal causa de preocupação não é o novo coronavírus mas, sim, as constipações. Muitos professores têm confundido os sintomas de constipação com os de Covid-19 e isso tem gerado um excesso de zelo: as crianças são logo enviadas para casa e só podem regressar com um comprovativo oficial a dizer que não estão infetados. Esta prática já está a criar uma sobrelotação em vários consultórios médicos um pouco por todo o país.

O Governo oferece ampla margem de manobra para que as escolas permaneçam abertas ou fechadas no caso de crianças, professores ou funcionários do centro serem detetados com a doença. Em colaboração com a Agência Regional de Saúde, é estabelecida a lista de contactos que devem ficar em casa, fazer o teste e cumprir a quarentena de 14 dias.

Independentemente da pandemia, na Rússia, o regresso às aulas fez se quase da mesma forma como se fazia antes. As autoridades nacionais de saúde emitiram uma série de orientações como as medições de temperatura à entrada das escolas, a proibição de participar nas aulas caso seja detetado algum sintoma ou até os horários desfasados para evitar ajuntamentos. Mesmo assim não foram estabelecidas quaisquer medidas específicas de separação entre carteiras, por exemplo, e a utilização de máscara não é obrigatória – o ministério da Educação deixou ao critério de cada escola estabelecer medidas adicionais.