Agora que os construtores de automóveis começavam a sentir-se mais confortáveis com as metas impostas pela Comissão Europeia, no que respeita às emissões de dióxido de carbono (CO2) previstas para 2030, eis que o legislador se prepara para apertar um pouco mais a malha. Quem o afirma é a Reuters, que alegadamente viu um documento que está a servir de base de trabalho.

Até aqui, o acordado com os construtores era uma média da gama em torno dos 95g de CO2/km durante 2020, para depois os valores atingidos em 2021 sofrerem uma redução de 37,5% para 2030. Agora Bruxelas pretende que o corte face a 2021 seja de 50%. Confrontada com a notícia da Reuters, a porta-voz da Comissão preferiu não comentar, o que não impediu a indústria alemã de contestar os novos objectivos, através da sua associação Verband der Automobilindustrie (VDA).

Segundo alguns especialistas, o documento que está em adiantada fase de preparação pela Comissão deverá ser apresentado durante a próxima semana, apontando para uma redução de 55% de emissões de CO2, quando comparadas com a realidade em 1990, ao contrário dos 40% previstos até aqui. É bom ter presente que a média das emissões de CO2 nos veículos comercializados em 2019 na União Europeia foi de 122,4 g/km, o que representa não uma redução, mas sim um incremento de 1,6g face a 2018, isto apesar da maior presença de veículos eléctricos. A explicação tem a ver com a deslocação das opções dos compradores, que adquiriram mais veículos com motores a gasolina do que a gasóleo, sendo que aqueles emitem uma maior quantidade de CO2.

Nas próximas semanas vamos assistir a intensas negociações entre os representantes dos construtores e da Comissão Europeia, mas estes últimos poderão receber uma importante ajuda dos testes em condições reais de utilização (RDE, de Real Driving Emissions), que facilmente confirmarão as discrepâncias (enormes, em alguns modelos) entre os valores anunciados pelos modelos com mecânicas híbridas plug-in segundo o método WLTP e em RDE. Isso poderá abrir a porta a alterações na forma como é determinado o CO2 emitido por estes veículos, de que a maioria dos construtores depende para cumprir os limites de CO2 acordados para 2020, 2025 e 2030.

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