A Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) anunciou esta terça-feira que pretende recrutar mais de 200 grávidas com o objetivo de acompanhar as alterações cardíacas durante e após a gestação.

Os resultados desta investigação poderão abrir caminho a novas formas de tratar a insuficiência cardíaca, uma das principais causas de morte no mundo.

O acompanhamento individual às grávidas deverá começar no primeiro trimestre de gestação e prolongar-se-á até um ano após o parto. No total, serão cinco momentos de avaliação que preveem a realização de três exames de diagnóstico cardiovascular e colheitas de sangue e urina. De acordo com a FMUP, estas avaliações não têm qualquer custo para as participantes e os resultados serão revistos por uma equipa médica multidisciplinar do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ). “Durante a gravidez, o feto em desenvolvimento impõe uma sobrecarga adicional ao coração da mãe, o que é normal, mas que obriga a adaptações cardíacas”, esclarece a coordenadora do projeto “PERIMYR”, Inês Falcão-Pires. Nesse período, refere a investigadora, “a mulher está sujeita a um aumento do volume de sangue, o que faz aumentar a massa do seu coração”.

Inês Falcão-Pires explica que o processo conhecido como hipertrofia acaba por desaparecer totalmente alguns meses após o parto e o coração da mãe recupera a sua estrutura e função habituais. Como esta sobrecarga de volume também está presente em contextos de doença cardiovascular, a investigadora considera que “as grávidas podem funcionar como um bom modelo para se conhecer melhor a patologia e abrir caminho a novas formas de a tratar, recuperando o coração insuficiente”.

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“Adicionalmente, será possível isolar e avaliar o impacto de determinados fatores de risco cardiovascular durante este processo, tais como a hipertensão arterial, a obesidade e a diabetes mellitus”, acrescenta.

Em paralelo com este estudo, as participantes poderão ajudar uma outra equipa de investigação da Universidade do Porto (i3S e Faculdade de Medicina Dentária) e da Vrij Universiteit (Amesterdão). Coordenado por Benedita Sampaio Maia, o projeto designado “OralBioBorn” pretende estudar os fatores que influenciam a aquisição de microrganismos da criança durante o primeiro ano de vida. Deste modo, as grávidas e os futuros bebés poderão usufruir de uma avaliação oral gratuita e de conselhos para promover a saúde oral de ambos. As duas avaliações são realizadas em conjunto, mediante a disponibilidade das participantes e terão lugar no edifício da FMUP.

As interessadas em colaborar poderão inscrever-se através do formulário disponível aqui. A informação das voluntárias será tratada de forma a salvaguardar a total confidencialidade dos dados. O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética da FMUP/CHUSJ. O projeto é financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, a Maratona da Saúde 2017 e pela Bolsa João Porto 2019, atribuída pela Sociedade Portuguesa de Cardiologia.