As vendas de ativos do Novo Banco, designadamente carteiras de imóveis e participações em empresas, “foram realizadas em condições adequadas de mercado” e “os preços obtidos corresponderam ao melhor preço que seria possível obter, em cada momento e circunstância”. Esta é a posição assumida pelo Banco de Portugal, liderado pelo ex-ministro das Finanças Mário Centeno, em resposta a um requerimento enviado pelo Bloco de Esquerda e que é citado por jornais como o JN e o Dinheiro Vivo.

A resposta ao parlamento foi dada no dia 11 de setembro, antes, portanto, da audição a António Ramalho, presidente do Novo Banco, esta terça-feira na Assembleia da República. O Banco de Portugal não só considera que as vendas foram feitas nas melhores condições possíveis, algo que vários deputados colocaram em causa na audição a António Ramalho, mas acrescenta que não houve vendas a partes relacionadas que poderiam ferir de ilegalidade o cumprimento do acordo de venda. “A finalidade da cláusula que limita a realização de vendas de ativos a partes relacionadas foi, por isso, plenamente atingida, através da análise concreta dos processos de venda, das suas condicionantes e dos seus termos”, diz o Banco de Portugal.

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De quase todos os partidos vieram pedidos de explicação sobre os preços a que o Novo Banco vendeu ativos – designadamente imóveis “herdados” do Banco Espírito Santo – que foram maioritariamente vendidos em grandes pacotes de carteiras, e não individualmente. Ramalho reconheceu que vender em pacotes é sempre mais penalizador do que vender os ativos um a um, mas não havia alternativa: “Não tenho 20 anos para vender isto”.

As condições duras impostas pelas autoridades europeias para o Novo Banco e não só: para toda a banca, no geral, para a redução rápida dos créditos tóxicos – fizeram com que os processos de venda tivessem de ser rápidos e “em pacote”. “Era inevitável”, disse, lembrando que muitos outros bancos fizeram o mesmo. “Se vendêssemos tudo caso a caso isto demoraria 15 a 20 anos, usando uma Remax ou uma ERA da vida… A venda em pacote era inevitável, foi para todos – foi inevitável para o BCP, para a Caixa Geral de Depósitos, para o BPI, para o Santander, para todos”, comentou.

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