Dois ataques armados contra autocarros de passageiros fizeram esta quinta-feira sete feridos, três dos quais graves em distritos de Sofala, junto à Estrada Nacional 1 (EN1), principal ligação do sul e norte de Moçambique, disseram à Lusa testemunhas e autoridades.

No primeiro ataque, dois autocarros das transportadoras Nagi Investiment e City Link foram “metralhados” num perfil lateral por um grupo armado no início da manhã, cerca das 7h45 locais (6h45 em Lisboa), próximo da ponte sobre o rio Pungue, na zona limítrofe entre os distritos de Nhamatanda e Gorongosa.

Tínhamos passado uma povoação com gente a vender carvão, quando ouvimos disparos. Um tiro acertou numa mulher que estava ao meu lado e todos nos agachámos, preocupados”, contou à Lusa, Helena da Fraisa, uma sobrevivente que viajava no autocarro da Nagi.

No ataque, contou, sete pessoas ficaram feridas, três das quais com gravidade, tendo sido socorridas primeiro para o Hospital Distrital da Gorongosa, e depois transferidas para o Hospital Provincial de Chimoio (HPC).

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Os autocarros vinham quase juntos desde a Beira. Já a 40 quilómetros para a Gorongosa fomos atacados e nós, que estávamos à frente, sofremos mais. Tem passageiros que foram atingidos por balas e outros por estilhaços de vidros”, contou à Lusa Lucas Xavier, outro sobrevivente.

Os dois autocarros tinham partido da cidade da Beira (Sofala) com destino à cidade de Quelimane (Zambézia).

Em declarações à Lusa, Nilma Issa, diretora clínica do HPC, confirmou a entrada de três vítimas de ferimentos por projéteis de armas, acrescentando que uma continua a carecer de maiores cuidados.

“Houve entrada de três pacientes —  dois homens e uma mulher —  e estão estáveis. Mas há um que está mais grave porque tem uma ferida abdominal e os cirurgiões ainda estão a decidir sobre o paciente”, aclarou Nilma Issa.

No segundo ataque, um outro autocarro de passageiros, que seguia da Beira (centro) para Maputo (sul) foi emboscado cerca das 10h locais por um grupo armado no troço Save-Muxúnguè, sem causar vítimas.

A polícia de Sofala, que confirmou os dois ataques, garantiu que, após o envio de um contingente das Forças de Defesa e Segurança (FDS), foi reposta a circulação rodoviária naqueles dois troços da EN1, com um histórico de ataques e emboscadas a viaturas no centro de Moçambique.

Tendo em conta esta situação a Polícia da República de Moçambique em Sofala desdobra-se em diligências no terreno com vista a neutralizar e responsabilizar devidamente os autores destes dois ataques”, precisou Dércio Chacate, porta-voz da polícia em Sofala.

Os ataques surgem na sequência de outros em estradas e povoações das províncias de Manica e Sofala, por onde deambulam guerrilheiros dissidentes da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), liderados por Mariano Nhongo, da autoproclamada Junta Militar da Renamo.