Os patrões pedem “razoabilidade e bom senso” no tema da subida do salário mínimo, sublinhando que a prioridade deve ser a “manutenção dos postos de trabalho” com a economia a cair. Questionado esta quinta-feira pelo Observador na conferência de imprensa de apresentação das propostas da CIP para o Orçamento do Estado de 2021, António Saraiva disse que este não é um tema na agenda da concertação social, para já, mas pediu que se olhe para os indicadores económicos.

“Numa altura em que o produto [interno bruto] cai 16,3%, em que a produtividade cai 11,7%, em que as exportações caem 39%, em que o desemprego caminha galopantemente para valores de dois dígitos”, diz António Saraiva, “há que ter atenção a estes indicadores”. “Há que ter atenção à situação da economia portuguesa e ao momento que todos atravessamos e, com razoabilidade e bom senso, devemos olhar para os indicadores e olhar sobretudo para a manutenção dos postos de trabalho”, clarificou.

Para o presidente da CIP, este não é um “combate” em que valem as “cores de camisolas, sejam elas sindicais, partidárias ou outras – aqui trata-se de um jogo da Seleção” nacional, ilustrou, argumentando que a missão em que “todos devemos estar determinados” é “acautelar e preservar postos de trabalho e isso passa por dar condições para a sobrevivência das empresas”.

Este é um tema que, embora não esteja na agenda da concertação social, foi colocado na agenda pelo primeiro-ministro, António Costa, em entrevistas que deu, diz António Saraiva. Além disso, o líder da CIP lembrou que “surpreendentemente” o ministro das Finanças também fez considerações sobre esta matéria, quando disse à RTP que tinha a expectativa de um aumento “significativo” do salário mínimo.

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A CIP apresentou esta quinta-feira um conjunto de propostas para o Orçamento do Estado, em elaboração. A crise económica provocada pela pandemia fez com que haja, neste momento, um “risco iminente de colapso de muitas empresas rentáveis” em Portugal e, por isso, a CIP – Confederação Empresarial de Portugal propôs um conjunto de “medidas temporárias” que querem ver no Orçamento do Estado para 2021, onde se inclui a transformação de linhas de crédito Covid em apoios a fundo perdido e, também, uma utilização dos prejuízos de 2020 no abatimento de lucros não futuros mas, sim, passados – uma medida que outros países europeus tomaram em resposta à crise pandémica.

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