Uma ex-modelo está a acusar o presidente dos Estados Unidos de abuso sexual. O caso ocorreu em setembro de 1997, durante o US Open.

Numa entrevista ao jornal britânico The Guardian, Amy Dorris alega que Donald Trump a atacou à porta de uma casa de banho, no camarote VIP do atual presidente, durante o torneio de ténis, e beijou-a e apalpou-a contra a sua vontade.

“Ele simplesmente enfiou a língua pela minha garganta abaixo e eu estava a empurrá-lo. Foi aí que ele me apertou mais e as suas mãos estavam no meu rabo, no meu peito, nas minhas costas, em todo o lado”, conta a ex-modelo, que tinha 24 anos na altura do abuso. Trump, com 51 anos, estava casado com a sua segunda mulher, Marla Maple.

O presidente dos Estados Unidos já negou, através dos seus advogados, “alguma vez ter assediado, abusado ou ter-se comportado de forma inapropriada” com Amy Dorris.

A ex-modelo, agora com 48 anos, diz ter conhecido o presidente dos Estados Unidos através do seu namorado da altura, Jason Binn. Estava com ele a passar um fim de semana em Nova Iorque, quando Binn a levou ao escritório do magnata, na Trump Tower, no dia 5 de setembro de 1997. O casal foi, em seguida, com Trump para o US Open, onde estiveram no seu camarote VIP, juntamente com outros amigos do atual presidente dos EUA.

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O abuso, relata Dorris, aconteceu quando se levantou para ir à casa de banho, porque estava com problemas com as lentes de contacto. Quando saiu, Trump estava à sua espera.

“Inicialmente pensei que ele estava à espera para ir à casa de banho, mas infelizmente não era o caso”, recorda a ex-modelo. Trump atacou Amy Dorris, apesar de ela lhe ter dito para parar.

Fiquei em choque. Senti-me violada, obviamente. Mas não estava a processar a situação e só estava a tentar voltar a conversar com todos e divertir-me, porque, não sei, senti-me pressionada a ser assim”, explica Dorris, acrescentando que pediu ao namorado para falar com Trump e dizer-lhe para a deixar em paz.

Apesar de ter voltado a estar com Trump nos dias a seguir, a ex-modelo conta que o atual presidente dos Estados Unidos não voltou a abusar dela, mas ainda assim continuou a persegui-la.

Segundo o jornal britânico, Dorris deu provas da acusação que faz, nomeadamente o seu bilhete para o US Open e várias fotografias em que aparece com o magnata. Além disso, o Guardian contactou pessoas a quem a ex-modelo relatou o sucedido, que corroboraram a sua versão.

Amy Dorris, mãe de duas raparigas gémeas, diz que ainda ponderou contar a sua história em 2016, altura em que várias mulheres falaram publicamente dos abusos de que foram alvo por parte de Trump, mas acabou por mudar de ideias, com receio de magoar a sua família.

Quero que elas [as filhas] vejam que não fiquei calada, que fiz frente a alguém que fez algo inaceitável.”

O Guardian refere ainda que há já pelo menos 26 mulheres, a contar com Amy Dorris, a acusarem Trump de abuso sexual — todas as acusações negadas pelo presidente dos Estados Unidos.

Karena Virginia também acusou Trump de abuso sexual, em 2016, tendo relatado um ataque que aconteceu também durante o US Open, mas em 1998 — um ano após o incidente com Amy Dorris.