A secretária-geral da CGTP-IN apelou esta quinta-feira à mobilização dos trabalhadores portugueses na luta contra o trabalho precário durante uma ação de luta que assinalou o início de uma greve de 24 horas na Lisnave Yards, em Setúbal.

“O que nós temos aqui [na Lisnave Yards] é uma situação de grande desvalorização destes trabalhadores, que ao lado de outros com as mesmas qualificações, com a mesma função, têm salários mais baixos e nem sequer têm desenvolvimento na sua carreira profissional, mantendo-se em categorias de fim de tabela quando já têm muitos anos de experiência, de qualificações e de trabalho especializado”, disse Isabel Camarinha.

A líder da CGTP-IN falava à agência Lusa numa ação de luta que assinalou o início de uma greve dos trabalhadores da Lisnave Yards, nos estaleiros navais da Mitrena, que cumprem estaquinta-feira um dia de greve devido à falta de respostas da administração ao caderno reivindicativo, a que se segue uma greve ao trabalho suplementar, até dia 20 de setembro. Para Isabel Camarinha, a luta contra a precariedade em torno das questões concretas do caderno reivindicativo, que os trabalhadores da Lisnave Yards apresentaram a administração da empresa, é um exemplo do que deve ser a luta dos trabalhadores portugueses contra o modelo de precariedade das relações laborais. “É uma luta contra este modelo que temos no nosso país – que já existia antes da epidemia e que agora ainda se acentuou mais -, de baixos salários, não valorização do trabalho e dos trabalhadores, em que os trabalhadores são a parte fraca”, disse.

“É um modelo em que as desigualdades se têm vindo a acentuar ainda mais, com as opções que são seguidas, quer pelas administrações que aproveitam esta situação de epidemia, quer pelo próprio governo, que, com medidas desequilibradas, não garante uma vida digna aos trabalhadores e às suas famílias”, sublinhou Isabel Camarinha.

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Questionada pela agência Lusa sobre o discurso do Estado da União pela presidente da Comissão Europeia Von der Leyen, Isabel Camarinha disse que a valorização do trabalho é fundamental, mas acrescentou que não é isso que tem acontecido em Portugal nem na União Europeia. “O que nós precisamos é de política que, de facto, garanta a valorização do trabalho. E não tem sido isso que tem acontecido, nem com a política da União Europeia, nem com a política no nosso país, com as opções políticas que são tomadas no nosso país”, disse.

“Nós temos o Pacto de Estabilidade, temos todas as condicionalidades que a União Europeia nos coloca. E temos uma dívida pública brutal, que vamos ter de continuar a pagar se não houver por parte do governo a exigência de alteração, de podermos ser nós, de forma soberana, a decidir o que de fato interessa ao nosso país, para o desenvolvimento do país e para dar melhor melhores condições de vida aos trabalhadores e às suas famílias”, concluiu.

Reiterando a necessidade da luta contra a precariedade e pela valorização do trabalho, Isabel Camarinha apelou ainda à participação dos trabalhadores na ação de luta nacional que a CGTP-IN promove no dia 26 de setembro em diversos pontos do país.