As pessoas que não têm acesso a alimentação regular básica no Brasil aumentou para 10,3 milhões entre os anos de 2017 e 2018, informou esta quinta-feira um levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O IBGE classifica dentro da faixa das pessoas com segurança alimentar básica quem vive em domicílios onde há o acesso pleno e regular a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente. Em relação à insegurança alimentar, o IBGE adota uma metodologia que divide os domicílios em três níveis: leve, moderado e grave.

Um domicílio é classificado com insegurança leve quando aparece preocupação com acesso aos alimentos no futuro e a qualidade da alimentação já está comprometida. No segundo nível, de insegurança moderada, os moradores já têm uma quantidade restrita de alimentos. Já a insegurança grave aparece quando os moradores passaram por privação severa no consumo de alimentos, podendo chegar à fome.

Dentro desta classificação, o IBGE identificou que dos 68,9 milhões de domicílios do país 36,7% estavam com algum nível de insegurança alimentar que atingiu, ao todo, 84,9 milhões de pessoas no período pesquisado (2017-2018).

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Na comparação destes dados com os obtidos em 2013, última vez em que o tema foi investigado pelo órgão responsável pelas estatísticas do governo brasileiro, a prevalência de insegurança quanto ao acesso aos alimentos aumentou 62,4%.

A pesquisa também apontou que pelo menos metade das crianças brasileiras menores de 5 anos viviam em lares com algum grau de insegurança alimentar. Segundo o levantamento, 5,1% das crianças com menos de 5 anos e 7,3% das pessoas entre 5 e 17 anos viviam em domicílios com insegurança alimentar grave.

André Martins, gerente do levantamento do IBGE, explicou que quando um domicílio tem insegurança alimentar grave, há uma restrição maior de acesso aos alimentos, com uma redução da quantidade consumida para todos os moradores, inclusive crianças, quando presentes.

Nesses lares pode ter ocorrido a fome, situação em que pelo menos alguém ficou o dia inteiro sem comer um alimento”, disse o pesquisador.

O nível de maior restrição no acesso a esses alimentos aparece com mais frequência nos domicílios localizados na área rural do Brasil. A proporção de insegurança alimentar grave foi de 7,1% nessas localidades, três pontos percentuais acima do observado na área urbana (4,1%).

Isso está muito associado às condições de trabalho. Ou seja, as pessoas que estão nos meios urbanos conseguem mais alternativas. Essas diferenças surgem por facilidade no acesso tanto a alimentos quanto às oportunidades. No meio urbano você consegue adotar estratégias de um jeito mais fácil que no meio rural”, frisou Martins.

Menos da metade dos domicílios das regiões norte (43%) e nordeste (49,7%) do Brasil informaram ter uma condição de acesso pleno e regular aos alimentos. Na região centro-oeste estes dados saltaram para 64,8% dos domicílios, no sudeste (68,8%) e no sul (79,3%).