A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, declarou esta quinta-feira “apoio incondicional” às Forças de Defesa e Segurança (FDS) do país, após vários apelos a uma investigação a alegadas violações de direitos humanos divulgadas nas redes sociais.

“Reiteramos o nosso apoio incondicional às FDS e continuaremos a trabalhar para que cada moçambicano tenha solidariedade” para com as forças, referiu Caifadine Manasse, porta-voz da Frelimo, durante uma conferência de imprensa, em Maputo.

“Cabo Delgado é Maputo”, tal como é qualquer outra província, referiu Caifadine Manasse, numa alusão à “unidade nacional”, pela qual “a Frelimo continuará a lutar”, garantiu.

Cabo Delgado é a província costeira mais a norte, palco dos megaprojetos de gás natural e que enfrenta uma crise humanitária com mais de mil mortos e 250.000 deslocados internos após três anos de conflito armado entre as forças moçambicanas e rebeldes, cujos ataques já foram reivindicados pelo grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico, mas cuja origem continua por esclarecer.

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“Temos assistido à proliferação de vários vídeos que atentam contra a estabilidade do país, contra o trabalho que devemos fazer de vigilância”, referiu, acrescentando que as imagens “não devem continuar a ser usados como arma de manipulação da opinião pública”.

“O momento é de apoiar as FDS” e “repudiar todo o tipo de ato de atrocidade”, sublinhou o porta-voz da Frelimo, que dedicou o mês de setembro, com datas alusivas à independência, aos membros das forças moçambicanas.

A Amnistia Internacional (AI) e a Human Rights Watch (HRW) estão entre as organizações que têm apelado à investigação dos atos captados em vídeo que mostram alegados membros das forças moçambicanas a torturar e até executar outras pessoas no palco de guerra de Cabo Delgado.

O Governo moçambicano já repudiou as imagens e declarou-se aberto a investigar as circunstâncias, classificando os vídeos como propaganda das forças “terroristas” que atingem a província nortenha e usam fardamento das FDS para os gravar.

A Comissão Europeia considerou “extremamente chocante” o recente relatório da AI sobre violações de direitos humanos no norte de Moçambique e reclamou uma investigação “transparente e efetiva”.

“Respeitamos e valorizamos todo o apoio da União Europeia (UE) e de outras organizações para melhorar a vida dos moçambicanos”, referiu Manasse, mas em Cabo Delgado “há zonas de guerra” a enfrentar por “qualquer tipo de investigação”.

“Temos de trabalhar primeiro para que haja paz e estabilidade na província de Cabo Delgado. Nós, moçambicanos, temos de estar unidos para que haja paz e para isso temos de acarinhar as FDS”, realçou.

“O que nós temos de fazer como comunicação social e como país é continuarmos unidos, com foco. O único papel das FDS é defender o povo e a soberania”, disse ainda o porta-voz, dirigindo-se aos profissionais da comunicação social.

Durante a conferência de imprensa desta quinta-feira, deixou um apelo: “Várias manipulações vão acontecer e chamamos a atenção para os jornalistas não se meterem nesse tipo de situações” em que surgem acusações sem rosto.

“A nossa soberania está a ser atacada e vão usar os nossos jornalistas, assim como usam fardamento militar, assim como usam outro tipo de pessoas”, reiterando: “O nosso foco é a defesa da soberania [de que] jornalistas moçambicanos fazem parte, os estrangeiros também fazem parte e têm de defender a soberania do país onde estão”, concluiu.