Existem cerca de 2.500 startups registadas em Portugal atualmente, 162 incubadoras/aceleradoras, três unicórnios (empresas avaliadas em mais de mil milhões de dólares), 25 mil postos de trabalho criados e tudo isto representa um peso de 1,1% no Produto Interno Bruto (PIB), disse André Aragão Azevedo, secretário de Estado da Transição Digital nesta segunda-feira, no arranque da Semana de Empreendedorismo de Lisboa. Mas, até 2023, os objetivos do Governo são outros: duplicar o número de startups, atingir mil milhões de euros em investimento no ecossistema e que este tenha um impacto de 2% do PIB.

Contributo das startups para o PIB foi de 2,2 mil milhões de euros em 2018

“Retoma económica em Lisboa: onde estamos e para onde vamos?” foi a questão que levou ao debate nos Paços do Concelho, com participação de André Aragão Azevedo, Miguel Gaspar, Paddy Cosgrave, fundador e presidente da Web Summit, Teresa Cardoso Menezes, diretora-geral da Informa D&B, e ainda Madalena Tomé, presidente da SIBS. No final, saíram ideias em comum: a importância da transformação digital que a pandemia obrigou a acelerar e uma crise que, pelas várias diferenças em relação à anterior, deverá também ser resolvida mais rapidamente.

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Queremos sair mais fortes desta pandemia“, garantiu Miguel Gaspar, acrescentando que há duas grandes apostas às quais o capital português tem de dar prioridade: o trabalho na sustentabilidade e na competitividade e a inovação. Esta crise, refere, “é uma crise assimétrica”: apesar de alguns números menos positivos é, ao mesmo tempo, uma oportunidade para o crescimento de outras áreas, como as tecnologias de informação e as empresas de serviços.

“Temos visto uma redução de empresas este ano em Lisboa. Ainda assim, foram criadas mais de 3.200 na cidade. É menos 30% do que o número de empresas que foram criadas no ano passado, mas ainda assim é uma aceleração no número de empresas que têm surgido”, acrescentou Miguel Gaspar.

Outro dos tópicos abordados durante o debate foi a digitalização e a forma como a pandemia de Covid-19 obrigou a acelerar a transformação digital em todo o mundo, sobretudo com a questão do teletrabalho. “Acaba por ser uma grande oportunidade para atrair talento. Posso escolher Lisboa para viver, mesmo que trabalhe no mercado internacional“, exemplifica o vereador. Já Paddy Cosgrave, que há quatro anos escolheu Lisboa como a casa da Web Summit, utiliza o exemplo do Collision, evento irmão da Web Summit que este ano aconteceu online, para mostrar como o mundo digital pode ser mais uma janela de Lisboa para o mundo.

“O que descobrimos a partir do Collision é que as pessoas passaram mais tempo nas conferências online do que quando estavam offline“, referiu, sublinhando o objetivo de mostrar também Lisboa virtualmente durante a Web Summit.

“Estamos a trabalhar com o Turismo de Portugal e com Lisboa para conseguir passar o máximo de vídeos que mostrem o país, que de outra forma as pessoas não conseguem ver porque vão para o hotel, vão para o sítio da conferência, etc. É uma oportunidade para mostrar não só Lisboa, mas todo o país e também para envolver muitos mais empreendedores portugueses como oradores”. 

André Aragão Azevedo, secretário de Estado da Transição Digital, falou também no contributo da digitalização para “eliminar o conceito de periferia” que muitas vezes marcava Portugal no mundo do empreendedorismo. A transformação digital chamou também à atenção para um fator: o aumento da velocidade e do ritmo da mudança das startups.

A Semana do Empreendedorismo de Lisboa, que iniciou nesta segunda-feira a sua nona edição, vai ser vivida “num momento diferente”, devido à pandemia de Covid-19. O desafio, nas palavras do vereador da Economia e Inovação da Câmara Municipal de Lisboa, Miguel Gaspar, foi uma prova “de resiliência” da cidade e do ecossistema português e serviu também como mote à sessão de abertura do evento, que pela primeira vez vai ser transmitido online.

Até dia 27 estão programados mais de 100 eventos, num programa que foi organizado em colaboração com 25 curadores de várias áreas.