O Presidente da Turquia propôs esta terça-feira a realização de uma conferência regional dos países do Mediterrâneo oriental, com a participação dos cipriotas turcos, para obter uma solução que salvaguarde os interesses de todos os países da região.

Na sua intervenção durante o debate geral da 75.ª sessão da Assembleia Geral da ONU, o Presidente turco lamentou que seu país seja “forçado a transportar sozinha o fardo de qualquer desenvolvimento negativo no Mediterrâneo oriental”, mas advertiu todos aqueles que ignoram o seu país em torno dos recursos naturais, após a recentes descoberta de importante jazidas de gás nos mares da região.

“A nossa prioridade é solucionar as disputas através de um diálogo sincero, com base na lei internacional e numa base equitativa. No entanto gostava de referir de forma clara que nunca toleraremos qualquer imposição, assédio ou ataque vindo da direção oposta”, assinalou, antes de voltar a apelar para o “estabelecimento do diálogo e cooperação” entre todos países ribeirinhos do Mediterrâneo oriental.

Nesse sentido, gostávamos de propor a realização de uma conferência regional, incluindo os cipriotas turcos, na qual os direitos e interesses de todos os países da região sejam considerados”, assinalou.

No seu discurso de quase meia hora e transmitido por videoconferência, Erdogan também recorreu à situação de longo impasse na ilha de Chipre, dividida entre cipriotas gregos e turcos, para justificar a persistência das tensões na região.

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“Uma das razões da crise na região consiste na ausência de uma solução justa, inclusiva e permanente da questão de Chipre no decurso das negociações que prosseguem interminavelmente desde 1968”, disse.

Nesta perspetiva, acusou o “lado cipriota grego” — numa referência à República de Chipre internacionalmente reconhecida — de construir “o único obstáculo” a uma solução através de uma abordagem “rígida, injusta e negativa”.

E sublinhou que, “ao ignorar os acordos internacionais, o lado cipriota grego pretende tornar os cipriotas turcos numa minoria no seu próprio país, ou mesmo excluí-los completamente da ilha”, numa referência à autoproclamada República Turca de Chipre do Norte (RTCN), que ocupa o terço norte da ilha e apenas reconhecida por Ancara, que desde a invasão militar de 1975 mantém dezenas de milhares de tropas no terreno.

Após frisar que a Turquia jamais abandonará o povo cipriota turco “na sua justa causa, nem os abandonaremos no futuro”, reafirmou que a solução para a questão de Chipre “apenas será possível” pela aceitação de que o povo cipriota turco é “um dos dois donos” da ilha.

“Apoiaremos qualquer solução que garante em permanência a segurança do povo cipriota turco e os seus direitos políticos e históricos na ilha”, indicou no decurso da sua intervenção, onde também abordou diversos temas internos e internacionais.