O número de apreensões de cocaína e respetiva quantidade na Europa são atualmente os mais elevados de sempre, tendo sido apreendidas 181 toneladas desta droga em 2018, segundo um relatório europeu.

Bélgica, Espanha e os Países Baixos são países-chave na interceção de grandes quantidades, responsáveis, em conjunto, por 78 % das 181 toneladas estimadas de cocaína apreendidas na União Europeia em 2018, indica o relatório anual do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT, EMCDDA na sigla em inglês). Segundo o relatório na Bélgica foram apreendidas 53 toneladas, em Espanha 48 toneladas e nos Países Baixos 40 toneladas. Os indicadores analisados pelo OEDT apontam para uma elevada disponibilidade de cocaína no mercado europeu e sinais de crescimento em países onde esta droga não era comum.

O consumo de “crack”, embora ainda pouco presente, é hoje referido por um maior número de países e a pureza da cocaína no mercado de retalho tem aumentado quase todos os anos, desde 2009, tendo atingido em 2018 o nível mais elevado da última década. A pureza média da cocaína no retalho variou de 23 % a 87 % na Europa, em 2018, tendo metade dos países comunicado uma pureza média entre 53 % e 69 %. No geral, na última década, a pureza da cocaína na Europa tem apresentado uma tendência crescente, sendo que o preço de retalho da cocaína tem permanecido estável.

Segundo o relatório, a elevada pureza da droga, os dados dos serviços de tratamento, os casos de emergência e as mortes induzidas pela droga indiciam, vistos no seu conjunto, que o peso da cocaína no panorama europeu da droga está a aumentar. Por outro lado, o mercado da cocaína parece também constituir um importante determinante da violência relacionada com drogas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda segundo o relatório, dos 12 países que realizaram inquéritos entre jovens adultos (15-34) desde 2017 e deram a conhecer intervalos de confiança, cinco referiram estimativas de consumo no último ano mais elevadas do que no inquérito anterior e sete apresentaram estimativas estáveis.

O número de consumidores de cocaína que iniciaram tratamento pela primeira vez aumentou em 22 países, entre 2014 e 2018, tendo 17 países referido um aumento no último ano. A maioria dos consumidores que inicia tratamento e refere a cocaína como o seu principal problema consome cocaína em pó (56.000 utentes em 2018). Foram comunicados 15.000 pedidos de tratamento relacionados com “crack” em 2018.

O observatório explica que tendo em conta o tempo necessário para a recolha de dados, os dados anuais dos registos nacionais compilados neste relatório refletem, geralmente, o ano de referência de janeiro a dezembro de 2018. A análise das tendências baseia-se apenas nos países que fornecem dados suficientes para descrever a evolução registada ao longo do período em causa.

Observatório europeu estima que 1,3 milhões consumiam opiáceos de alto risco em 2018

O Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência estima que 1,3 milhões de pessoas entre os 15 e os 64 anos na União Europeia eram consumidores de opiáceos de alto risco em 2018. Segundo o mesmo relatório, os consumidores de heroína como droga principal representaram 77% (praticamente 20.000 utentes) dos consumidores de opiáceos que iniciaram tratamento pela primeira vez, o que corresponde a uma redução de 2.200 utentes ou 10 % face a 2017.

O número de novos consumidores que procuram tratamento para a dependência da heroína diminuiu mais de metade face ao pico registado em 2007. Entre 2017 e 2018, o número de consumidores de heroína como droga principal que iniciaram tratamento pela primeira vez diminuiu em 18 dos 29 países com dados disponíveis.

Os opiáceos, sobretudo a heroína ou os seus metabolitos, frequentemente em combinação com outras substâncias, estão presentes na maioria das overdoses fatais notificadas na Europa. Depois da canábis e da cocaína, a heroína foi a terceira substância mais comum nos casos de intoxicações agudas relacionadas com droga monitorizados pela Euro-DEN Plus, em 2018.

Entre 2012 e 2018, o número de mortes por overdose de drogas no grupo etário de mais de 50 anos aumentou 75%, indicando que esse problema está cada vez mais associado a consumidores de longo prazo com mais idade.

Em 2018, metade dos países comunicou uma pureza média da heroína no retalho entre 18% e 30% e um preço médio no intervalo de 29 a 79 euros por grama. Tanto a pureza como o preço da droga estabilizaram nos últimos anos, embora a pureza num nível relativamente alto. Contudo, as apreensões de heroína na União Europeia estão a aumentar, segundo o relatório, com um aumento de 5% em 2018.