O próximo ano vai ser fértil em pick-ups eléctricas, mas a Rivian R1T não só é a que parece estar mais adiantada como é a que reúne argumentos mais promissores, em termos de potência e de autonomia. A que se juntam, necessariamente, trunfos no fora de estrada e na capacidade de acomodar carga e de rebocar. Este último ponto é o tema do último vídeo divulgado pelo jovem fabricante norte-americano, que assim parece querer desfazer o mito de que os veículos eléctricos não têm a mesma capacidade de rebocar dos modelos equipados com motor a combustão.

R1T. Esta pick-up eléctrica vai longe (e depressa)

Em linha com o teaser do ID.4, em que o SUV eléctrico da Volkswagen surge com um atrelado de 1900 kg para apregoar a sua capacidade de puxar – recorde-se que o maior dos SUV da Tesla, o Model X anuncia 2250 kg – também a Rivian quer enfatizar este seu argumento. Até porque, ao contrário dos SUV, originalmente as pick-ups destacam-se pela capacidade de carga e de reboque, ou não tivessem surgido como veículos de trabalho.

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Ciente de que este atributo é valorizado pelos seus clientes, o fabricante do Michigan fez novo vídeo promocional onde a R1T é submetida à prova do reboque nas mais duras condições, atendendo a que se trata de um veículo eléctrico. A R1T deslocou-se à Califórnia, ao Death Valley, onde teve de lidar com temperaturas acima dos 47ºC (o calor, tal como o frio, influencia negativamente o desempenho energético das baterias), mas também a um trecho da Route 68, no Arizona, que tem a particularidade de ser reconhecido pela Society of Automotive Engineers como o melhor campo de teste para a capacidade de rebocar cargas muito pesadas. Se aí é estabelecido o padrão, tendo o percurso de ser feito pelo menos a 65 km/h, a paragem seguinte, Mount Charleston, desafiou os limites. E as condições extremas do Death Valley foram encaradas como uma “questão de sobrevivência”.

SUV eléctrico da VW aposta no reboque. Mas como?

A Rivian prometeu que a R1T puxaria até 5 toneladas (precisamente 11.000 libras, ou seja, 4990 kg) e foi um trailer de 9 metros a desafiar a sua capacidade máxima de reboque que lhe foi atrelado. Concluiu-se o que já se sabia, isto é, que a autonomia desce à medida que o peso a rebocar aumenta. Mas há vários factores que não permitem estabelecer uma relação proporcional, pois o decréscimo da autonomia varia quer com a temperatura quer com o gradiente de inclinação. Ainda assim, a Rivian tem o mérito de pôr os pontos nos ii e de assumir que, nas mais exigentes condições, o reboque pode reduzir para metade a autonomia. Pode parecer muito mas, considerando a dureza da bateria de testes a que a pick-up foi sujeita, o resultado impressiona positivamente. É que também os modelos equipados com motor de combustão não passam incólumes neste tipo de situações, acusando também eles um aumento do consumo (logo, um menor alcance) e um prejuízo em termos de prestações, com uma maior solicitação de força e velocidades inferiores.

Veja como nasce a Rivian R1T, a pick-up anti-Tesla

“Ninguém lançou um EV com a capacidade de reboque da R1T”, sublinhou um dos técnicos do construtor, acrescentando que o desafio é ser a Rivian a estabelecer o benchmark. “A autonomia vai sempre variar em função do peso e das condições externas, como o vento ou a inclinação. Regra geral, vemos o alcance baixar 50% se a rebocar o máximo peso projectado para o veículo”, assume Aaron, um dos elementos do grupo de engenheiros que a Rivian deslocou até ao sudoeste dos EUA, para validar as aptidões de reboque da R1T. Além de demonstrar o potencial da pick-up nesse particular, esta etapa do desenvolvimento da R1T visou testar a eficácia da refrigeração da bateria e o conforto a bordo. A marca nota ainda que os dados recolhidos nesta “experiência” lhe vão permitir “refinar” o software e os sistemas da R1T, tendo em vista a máxima eficiência na gestão do binário e, inclusivamente, na preservação da autonomia.