Santa Maria Santa Maria da Feira inicia a 3 de outubro o 43.º FIMUV – Festival Internacional de Música de Paços de Brandão, que, com Sayaka Shoji, Joyce Cândido, António Saiote e outros, alterou o seu calendário, mas insiste em “resistir”.

Organizado pelo Círculo de Recreio, Arte e Cultura (CiRAC) dessa localidade do distrito de Aveiro, o evento apresentará até 21 de novembro um total de nove espetáculos em diversas salas da Feira, sete dos quais de entrada gratuita.

Augusto Trindade é o diretor artístico do certame e, em declarações à Lusa, explica que toda a programação teve de ser reagendada decido às limitações geradas pela pandemia de Covid-19, assumindo dificuldades “sobretudo na coordenação das viagens dos solistas estrangeiros, na deslocação de centenas de músicos de diferentes orquestras e formações, e na gestão sanitária das salas de espetáculos”, mas está confiante no resultado. “Num período de grandes incertezas e constantes adaptações, decidimos que não podíamos interromper o trabalho que andamos a desenvolver há mais de 40 anos e fizemos questão de resistir. Reunimos os mais relevantes intérpretes da atualidade, vamos proporcionar ao público nove concertos de excelência, estamos a preparar tudo com segurança para receber os nossos fiéis seguidores e, apesar de todas as adversidades, acredito que vamos terminar esta sinfonia com acordes maiores e consonantes”, afirma o músico e docente.

Entre os destaques do cartaz de 2020 inclui-se brasileira Joyce Cândido, que abrirá o festival no dia 3, no Cineteatro António Lamoso. Cantora, pianista e bailarina, acumula já cinco álbuns e, segundo o diretor do FIMUV, “foi distinguida como melhor cantora brasileira nos Estados Unidos e embaixadora da música brasileira no Japão”.

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Também de território nipónico chega a violinista Sayaka Shoji, que, tendo sido “a primeira japonesa e a mais jovem a vencer o Concurso Paganini”, a 25 de outubro interpretará no Grande Auditório do Europarque obras de Sibelius e Beethoven, numa performance com a Orquestra Filarmónica Portuguesa, sob a condução do maestro Osvaldo Ferreira.

O clarinetista António Saiote, por sua vez, assinalará os seus 50 anos de carreira numa atuação em trio, que, a 10 de outubro, combinará a sua experiência de instrumentista e maestro com o desempenho da violoncelista Irene Lima, chefe do respetivo naipe na Orquestra Sinfónica Portuguesa, e do pianista Vasco Dantas, descrito como um dos músicos mais promissores da sua geração.

A programação do FIMUV de 2020 inclui também um recital pelo pianista João Bettencourt da Câmara, que já tem dois discos gravados, um dos quais com a Orquestra Sinfónica da Venezuela, e um concerto de jazz pelo Indigo Quintet, que apresentará em estreia absoluta no festival os temas do seu novo álbum. Haverá ainda um recital de “Jovens Embaixadores da Música Erudita Portuguesa”, pelas violinistas Inês Pais e Joana Weffort, e pelo clarinetista Telmo Costa, e um espetáculo por Raúl Manarte, o músico, compositor, fotógrafo e psicólogo que desenvolve missões humanitárias em diversos países e é fundador do grupo percussivo Be-Dom.

Os dois últimos espetáculos no calendário do evento são de música coral e dança: no primeiro caso, em palco estará o Coro do CiRAC, para revisitar mil anos de história “desde o [estilo] ‘organum’ até às composições do século XX”, e, no segundo, o protagonismo cabe ao Ballet Contemporâneo do Norte, numa performance descrita como “uma hecatombe geopolítica” para cinco bailarinos.

Dos nove concertos do 43.º FIMUV, sete são de entrada livre, com exceção dos espetáculos com Joyce Cândido e Sayaka Shoki, cada um dos quais ao preço de cinco euros. Todos os bilhetes devem ser reservados previamente dada as restrições atuais à lotação das diversas salas envolvidas no evento.