O julgamento do ex-presidente sudanês Omar al-Bashir, pelo seu papel no golpe que o levou ao poder em 1989, foi novamente adiado, anunciou esta terça-feira o presidente do tribunal em que Bashir está a ser julgado.

“A próxima audiência terá lugar a 6 de outubro”, anunciou o juiz Essam el-Din Mohamed, presidente do tribunal em Cartum, onde Omar al-Bashir está a ser julgado. A audiência desta terça-feira, transmitida pela televisão sudanesa, foi a quinta desde o início do julgamento, a 21 de julho. As sessões têm sido sucessivamente adiadas, sempre por questões processuais.

O ex-presidente deposto e vários arguidos enfrentam a pena de morte por derrubarem o governo democraticamente eleito do primeiro-ministro Sadek al-Mahdi em 1989, no terceiro golpe de Estado no Sudão desde a sua independência em 1956.

Omar al-Bashir, 76 anos, foi deposto e preso pelo exército em Abril de 2019, após meses de revolta popular. Num outro julgamento, foi condenado a dois anos de prisão por “corrupção” em dezembro de 2019. Al-Bashir encontra-se atualmente detido em Cartum.

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Al-Bashir foi também acusado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por “crimes contra a humanidade” e “genocídio” levados a cabo no Darfur Ocidental, uma região dilacerada por um conflito violento desde há quase duas décadas.

O conflito no Darfur Ocidental, que começou em 2003, provocou já pelo menos 300.000 mortos e 2,5 milhões de deslocados, de acordo com a ONU. Em fevereiro último, o governo de transição do Sudão comprometeu-se verbalmente a facilitar a comparência de Omar al-Bashir perante o TPI em data ainda por determinar.

No final de agosto, foi assinado um acordo de paz por Cartum e por vários grupos insurgentes, que prevê, nomeadamente, a formação de um tribunal especial dedicado aos crimes cometidos em Darfur, perante o qual al-Bashir poderá também ser chamado a estar presente.