O candidato do PCP a Belém, João Ferreira, acusou esta quarta-feira o atual Presidente de ter falhado nos “afetos aos trabalhadores” e na defesa dos seus direitos e dos aumentos dos salários.

Sete dias depois de ter apresentado oficialmente a sua candidatura, o eurodeputado João Ferreira fez a sua primeira ação de pré-campanha e optou por uma reunião com a direção da CGTP-IN, liderada por Isabel Camarinha, em Lisboa, que esteve a apoiá-lo na sessão na Voz do Operário, a 17 de setembro.

Um encontro que serviu para sublinhar “a centralidade que as questões do trabalho, dos trabalhadores e da necessária valorização do trabalho dos trabalhadores têm para esta candidatura”, justificou o João Ferreira, que confessou não ter tido grandes surpresas com o cenário traçado pela central, dado que muitos dos problemas já vinham de antes da pandemia de Covid-19.

João Ferreira olha para o que Marcelo Rebelo de Sousa fez em quase cinco anos de mandato e concluiu que a conceção que tem do cargo é quase o oposto do que o ex-líder do PSD tem feito em Belém.

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“Diria, numa apreciação mais prosaica, que faltaram afetos para os trabalhadores“, ironizou, antes de realçar que para “quem os soube distribuir de forma tão prolixa”, aos “trabalhadores faltaram esse afetos”.

Essa falta de “afetos”, exemplificou, traduziu-se no seu silêncio sobre a valorização dos salários dos trabalhadores, “afetados nos seus rendimentos por causa dos salários baixos”, mas também, devido à pandemia, “pelo layoff ou pelos despedimentos”.

Sabemos que o Presidente da República não é governo, mas tem poderes, desde logo o poder da palavra”, ressalvou.

Para o eurodeputado comunista, “era necessário uma palavra do Presidente no sentido da valorização dos salários” o que se viu “foi o contrário”, ou seja, “colocar entraves a essa perpetiva de aumentos salariais”.

Depois, Marcelo Rebelo de Sousa faltou ainda noutros poderes, como a pedir a fiscalização de leis ao Tribunal Constitucional, o poder de veto ou as mensagens que pode enviar à Assembleia da República.

João Ferreira quer pegar no que o atual Presidente não fez para, “a partir do exercício desses poderes”, formular “uma alternativa” que “corporiza” relativamente ao mandato do atual Chefe do Estado.

A seis meses do fim do mandato do atual Presidente da República, são já oito os pré-candidatos ao lugar de Marcelo Rebelo de Sousa.

São eles o deputado André Ventura (Chega), o advogado e fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan Gonçalves, o líder do Partido Democrático Republicano (PDR), Bruno Fialho, a eurodeputada e dirigente do BE Marisa Matias, a ex-deputada ao Parlamento Europeu e dirigente do PS Ana Gomes, Vitorino Silva (mais conhecido por Tino de Rans), o ex-militante do CDS Orlando Cruz e João Ferreira, do PCP.