O Presidente Cyril Ramaphosa defendeu esta quinta-feira que os monumentos que “glorificam o racismo” na África do Sul devem ser “reposicionados e realocados”.

Viemos de uma história de preconceito e exclusão, e desde a democracia que trabalhamos para transformar a paisagem patrimonial e cultural do nosso país”, afirmou o chefe de Estado sul-africano.

Ao assinalar esta o Dia da Herança Cultural (Heritage Day), Ramaphosa salientou que a reclassificação dos nomes próprios de lugares e cidades, assim como a edificação de novas estátuas e monumentos, “é parte da estratégia” do governo do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), partido no poder desde 1994.

“Monumentos que glorificam o nosso passado divisionista devem ser reposicionados e realocados”, declarou o líder sul-africano, salientando que a decisão do partido no poder, de que é também presidente, “gerou polémica, com alguns a afirmar que estamos a tentar apagar a nossa própria história”.

Nesse sentido, Ramaphosa considerou que “a construção de uma sociedade verdadeiramente não racial significa ser sensível às experiências vividas por todos os povos deste país”.

Não pedimos desculpas por isso, pois o nosso objetivo é construir uma nação unida”, adiantou.

O Presidente sul-africano acrescentou: “Qualquer símbolo, monumento ou atividade que glorifique o racismo, que represente o nosso terrível passado, não tem lugar na África do Sul democrática”.

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“O governo do apartheid denegriu a cultura dos nossos povos e tentou envergonhar-nos das nossas tradições, línguas e da nossa imagem”, disse Ramaphosa, no seu discurso divulgado no sítio oficial da Internet da Presidência da República. Na ótica do chefe do Estado sul-africano, a edificação de uma nação unida “significa que devemos estar cientes e verificar continuamente os nossos próprios atos de racismo e preconceito”.

Ramaphosa sublinhou ainda que o país possui “11 línguas oficiais que também celebra outras línguas frequentemente usadas por várias comunidades na África do Sul, incluindo o Alemão, Grego, Gujarati, Hindi, Português, Tâmil, Telugu e Urdu”.

O Presidente sul-africano salientou que o governo decidiu dedicar o mês de setembro a três “tesouros humanos vivos” por serem “repositórios de conhecimento, costumes e tradições” da cultura sul-africana.

Trata-se da artista plástica Ndebele, Esther Mahlangu, a rainha da música tradicional de Pondoland, Madosini Latozi Mpahleni, e a embaixatriz cultural do povo San, Ouma Katrina Esau.

A data de 24 de setembro foi instituída na África do Sul, em 1996, como feriado nacional passando a designar-se de Dia da Herança Cultural, após um compromisso alcançado entre o parlamento e o ANC, o partido no poder de Nelson Mandela, na sequência de uma objeção do Partido Livre Inkatha (IFP, na sigla em inglês), de etnia Zulu, por ter sido excluída da lista de feriados nacionais proposta ao novo parlamento democrático.

No anterior regime do apartheid, a data era assinalada no país como o ‘Dia de Shaka’, em homenagem ao Rei Shaka, o monarca Zulu, que terá falecido nesta data em 1828.