O primeiro modelo da Tesla equipado com as novas baterias 4680 vai ser o Model S Plaid. Juntamente com todas as vantagens permitidas pelas novas células, com 132 cm3 de volume, face aos 13 cm3 das 1865 que todos os Model S e X usam, sabe-se agora que o modelo tem mais trunfos do que inicialmente se antecipava. Não só em termos de potência, como de capacidade de aceleração, velocidade máxima e autonomia.

Tesla bateu Porsche por 20 segundos? Como é possível?

Todos se lembram de que a Porsche, para promover o seu eléctrico Taycan, deu umas voltas particulares na pista de Nürburgring, ou seja, sem ser numa sessão cronometrada e fiscalizada pela organização do circuito, as únicas que dão direito a estabelecer um tempo oficial por volta. Mas isso não a impediu de estabelecer e anunciar uma volta em 7 minutos e 42 segundos. Poucos dias depois, foi a vez de a Tesla visitar a pista alemã nas mesmas condições, numa sessão de testes particulares, onde rodou em 7.23, um valor que a marca nunca anunciou, mas que foi registado e avançado pela respeitada publicação alemã Auto Motor und Sport. A Porsche ainda alvitrou ter atingido 7.42 com o Taycan Turbo e não com um Turbo S, o que até poderia ser um pormenor interessante caso a desvantagem não fosse tão avassaladora, mas ainda teve como resposta da Tesla a promessa de que a versão de série do Model S Plaid conseguiria retirar mais 15 segundos aos 7.20 já registados.

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Durante o Battery Day, em que a equipa de Elon Musk revelou as novas células 4680, os novos equipamentos de produção, os novos eléctrodos e a nova forma de integrar os packs de baterias no chassi (tudo junto reduz os custos em 56%, aumenta a autonomia em 54% e baixa os investimentos em 69%), a Tesla revelou igualmente a versão de série do Model S Plaid, de que abriu o período de vendas. E apesar do maior potencial enquanto desportivo, o Model S Plaid está a ser vendido aos americanos (para já é o único mercado) por cerca de 140 mil dólares, contra 185 mil dólares do Taycan Turbo S.

Durante a apresentação, Musk referiu que o Plaid vai estar equipado com três motores eléctricos, dois dos quais no eixo traseiro, que em conjunto debitam mais de 1100 cv (na realidade são 1100 hp, o que equivale a 1115 cv), o que lhe irá permitir ir de 0-96,5 km/h em menos de 2 segundos, percorrer o ¼ de milha em menos de 9 segundos e atingir uma velocidade máxima de 322 km/h. Ora face a esta monstruosidade, o Taycan Turbo S (com 760 cv, já com a função overboost durante 2,5 segundos que fornece 81 cv), de acordo com o site de marca que pode ver aqui, fica-se pelos 2,6 segundos de 0-96,5 km/h e 260 km/h de velocidade máxima, tendo percorrido o ¼ de milha (402 metros) em 10,5 segundos, de acordo com a Car and Driver. São efectivamente valores de outro campeonato, que deixam o Porsche a milhas, para utilizar uma terminologia norte-americana.

Mas talvez a derrota mais pesada seja a que diz respeito à autonomia do Model S Plaid, que passa a ser a versão mais desportiva da berlina topo de gama da Tesla, acima do Model S Performance. As novas células 4680 permitem ao Plaid anunciar mais de 520 milhas de autonomia, ou seja, 837 km entre recargas, o que constitui uma “violência”. Especialmente face ao Taycan Turbo S da Porsche, que segundo o método americano EPA, o mesmo utilizado para o Plaid, continua a reivindicar 192 milhas, o que se traduz em 309 km entre visitas ao posto de carga. A diferença de autonomia entre 837 km para o Tesla e apenas 309 km para o Porsche é preocupante. Não só por envergonhar o fabricante germânico – não só pela Tesla, mas igualmente pela Lucid, que vêm aí com o Air, anunciando valores similares – em termos absolutos, como por colocar em causa a imagem tecnológica de que a marca alemã depende para comercializar os seus veículos e por eles cobrar preços elevados.

A Tesla revelou ainda que o novo Model S Plaid já rodou no circuito de Laguna Seca, onde em 2019, sensivelmente na mesma altura em que realizou 7.23 no Nürburgring, realizou uma volta em 1.36 na pista americana. Desta vez, segundo a Tesla, dias antes do Battery Day e já com a versão quase definitiva, o Plaid baixou o tempo por volta para 1.30 e promete arranjar mais três segundos, até o último trimestre de 2021, quando iniciar as entregas ao público. Além de pôr a Porsche em sentido, mais uma vez, isto serve como aviso à navegação para a Lucid, que rodou em Laguna Seca em 1.33 com o Air com três motores.