O Movimento Ibérico Antinuclear (MIA) em Portugal considerou esta sexta-feira que a intenção do Governo espanhol de manter em funcionamento a central nuclear de Almaraz é “um erro”.

O MIA Portugal elegeu na quinta-feira, em Assembleia Geral, uma nova comissão coordenadora, que passou de quatro para sete elementos.

A nova comissão é constituída por António Minhoto (AZU – Associação Ambiental em Zonas Uraníferas), José Janela (Quercus), José Maia (AZU e proTEJO), Ana Silva (Ecocartaxo e proTEJO), José Lousa (Ecocartaxo), Carla Graça (Associação Zero) e Romão Ramos (como ambientalista). Foram ainda eleitos António Minhoto e José Janela como porta-vozes para a comunicação social.

O dirigente António Minhoto disse esta sexta-feira à agência Lusa que o MIA mantém na agenda a luta “contra o nuclear”, nomeadamente contra o funcionamento da central espanhola de Almaraz e também a defesa do rio Tejo. “[Na assembleia-geral] foi tomada uma posição face ao Governo espanhol de querer protelar por mais oito anos a central de Almaraz. Insistimos que é um erro, que é grave, não só para as localidades fronteiriças de Espanha como também para Portugal”, disse o responsável. Segundo António Minhoto, os ambientalistas entendem que “a central está obsoleta” e lamentam “a posição do Governo português de ser tão pacífico”.

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“Reforçámos o pedido de uma audiência ao ministro do Ambiente, para apresentarmos este nosso protesto”, adiantou.

O MIA preparava-se para estar presente na Guarda, no dia 2 de outubro, para quando estava agendada a cimeira ibérica entre o primeiro-ministro António Costa e o líder do Governo espanhol Pedro Sánchez, mas como o encontro foi adiado, os seus dirigentes estão a “preparar uma eventual posição para apresentar caso a cimeira se realize noutra data”.

A nova comissão do MIA Portugal também decidiu “dar outro enfoque” ao movimento, com a realização, em data a anunciar, de uma conferência, que não será presencial devido à pandemia causada pela Covid-19, “para divulgar a luta contra o nuclear, para encerrar não só a central de Almaraz, como as outras centrais que estão obsoletas”, segundo António Minhoto. A iniciativa será realizada “o mais breve possível”, em data a acordar com os parceiros de Espanha, admitindo o dirigente que possa ser realizada durante o mês de outubro.

A conferência ibérica servirá também para o MIA – que congrega organizações ambientalistas e instituições portuguesas e espanholas – coordenar “toda a ação” a desenvolver.

António Minhoto referiu, como exemplo, que “está em vias de apresentação” uma queixa na Comissão Europeia contra o governo espanhol por “incumprimento de diversas diretivas e convenções internacionais” relativamente à central nuclear de Almaraz.