O filme “A Metamorfose dos Pássaros”, de Catarina Vasconcelos, recebeu este sábado o prémio Zabaltegi — Tabakalera no Festival de Cinema de San Sebastián. “É uma grande honra para mim receber este prémio. É extraordinário. Muito obrigado, San Sebastián. Sinto um enorme orgulho por estar aqui”, afirmou a realizadora portuguesa ao receber o prémio.

Para aquela secção tinham sido também selecionados o filme “Simon Chama”, primeira longa-metragem de ficção da realizadora portuguesa Marta Ribeiro, e a curta-metragem “Noite Perpétua”, de Pedro Peralta, que tem como pano de fundo a ditadura e repressão do regime franquista, de Espanha.

“A Metamorfose dos Pássaros” teve estreia mundial no festival de Berlim, em fevereiro, onde conquistou o Prémio da Crítica Internacional.

Desde então, tem somado distinções, em diferentes certames, como o Prémio de Melhor Filme no Festival de Vílnius, na Lituânia, e o Prémio Especial do Júri no Festival de Taipei, em Taiwan. Recebeu ainda o Prémio do Melhor Filme no Festival Dokufest, no Kosovo.

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“A Metamorfose dos Pássaros” já foi selecionado para mais de 25 festivais internacionais, nos Estados Unidos, Rússia, Espanha, Grécia, Coreia do Sul, Canadá, Polónia, Brasil, México, Austrália e Itália.

O filme também tem estreia comercial garantida em território chinês, segundo a distribuidora Portugal Film.

Catarina Vasconcelos, 33 anos, demorou-se seis anos na criação deste filme, depois de ter feito a primeira curta-metragem, “Metáfora ou a Tristeza Virada do Avesso” (2013), em contexto académico, em Londres.

Os dois filmes aproximam-se em aspetos formais e temáticos, e interligam-se porque Catarina Vasconcelos filmou a família, abordando a relação dos pais e a morte da mãe, na curta-metragem, e a história de amor dos avós e a morte da avó paterna – que nunca conheceu -, na longa-metragem.

“Eu queria que [o filme] fosse sobre esta família, mas que pudesse falar com outras pessoas. […] O tempo que ele demora é quase o tempo que eu demoro a conseguir sair de mim para chegar aos outros. Consegui libertar-me da minha família e do medo de inventar sobre eles, para poder inventar à vontade. Isso foi muito importante”, contou em entrevista à agência Lusa.

É por isso que Catarina Vasconcelos apresenta “A Metamorfose dos Pássaros” como um ‘documentário-ficção’, um filme que está no meio, um “híbrido de formas” baseado nas memórias das infâncias e juventudes da família e preenchido pela ficção.

Sobre este filme, Catarina Vasconcelos fala de “um processo altamente íntimo e pessoal”, na conjugação da montagem de som e imagem, devedora de uma relação que a realizadora tem com as artes plásticas e descrita como “uma coisa muito analógica, de bricolagem”.