São todos da mesma geração, são todos pilotos de Fórmula 1, são todos amigos. Alexander Albon, George Russell, Lando Norris e Charles Leclerc são quatro dos nomes mais entusiasmantes do automobilismo atual e estão unidos por uma amizade construída ao longo de uma adolescência passada nas garagens. Nada que, porém, afete a competitividade entre os pilotos da Red Bull, da Williams, da McLaren e da Ferrari.
“Somos todos muito próximos. Queremos que corra tudo bem uns aos outros, somos a nova geração a chegar à Fórmula 1 e apoiamo-nos mutuamente. Eles têm estado comigo, principalmente este ano, quando a imprensa e a comunicação social são duras, eles estão sempre lá. Falamos sobre tudo e 80% daquilo de que falamos nem sequer é sobre as corridas. Mas há uma regra que não está escrita: quando temos o capacete posto, não há amizade!”, contou Alexander Albon, esta semana, ao podcast F1 Nation.
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Este domingo, os quatro amigos estavam em Sochi, na Rússia, para mais um Grande Prémio do Mundial de Fórmula 1. Lewis Hamilton, de forma pouco surpreendente, conquistou a pole-position e podia igualar o recorde de Michael Schumacher de 91 vitórias na F1 se vencesse a corrida. Verstappen saía de segundo, Valtteri Bottas de terceiro, Sergio Pérez de quarto e depois os dois Renault e os dois McLaren, intercalados. Leclerc era 10.º na grelha de partida e Vettel, protagonista de um acidente violento durante a qualificação, era 14.º.
No arranque, Bottas saiu melhor e ultrapassou Verstappen, chegando até a passar a primeira curva à frente de Hamilton mas perdendo a liderança logo curva 2. Ligeiramente atrás, Verstappen perdeu a terceira posição para Ocon, que entretanto tinha passado Ricciardo, mas os primeiros segundos de corrida originaram desde logo um safety-car. Carlos Sainz saiu muito largo e não conseguiu evitar uma colisão que partiu desde logo uma das rodas do McLaren, enquanto que Lance Stroll se despistou depois de um toque de Leclerc na traseira: safety-car em pista, velocidade controlada e Verstappen a ultrapassar Ocon e a recuperar o terceiro lugar no último fôlego de bandeira amarela.
E foi precisamente durante o safety-car que a maldição da Netflix se abateu novamente sobre Lewis Hamilton. O piloto inglês, assim como a Mercedes, estava a ser seguido pelas câmaras da plataforma de streaming este fim de semana, para as gravações de mais um episódio da terceira temporada da série “Formula 1: Drive To Survive”. Da última vez que isso tinha acontecido, no Grande Prémio da Alemanha do ano passado, Hamilton destruiu a asa dianteira, foi penalizado em cinco segundos e ainda deu um pião, passando em 11.º na reta da meta e terminando oficialmente em nono depois de ajustes na qualificação. Ora, novamente com a Netflix à perna, o piloto da Mercedes ensaiou duas vezes o arranque durante o período de safety-car, numa zona onde estava impedido de o fazer, e sofreu uma dupla penalização de 10 segundos.
No segundo arranque, o piloto da Mercedes segurou a liderança e acabou por cumprir os 10 segundos de penalização na volta 17, nas boxes, regressando à pista em 10.º e obrigado a uma corrida de escalada até aos lugares cimeiros. Hamilton precisou de pouco mais de dez voltas para voltar ao pódio, atrás do líder Botas e de Verstappen, e cavou desde logo um fosso para Pérez. Algo mais atrás, Leclerc era sexto, enquanto que Vettel estava em 16.º.
LAP 17/53
Hamilton pits from P1, and serves his two five-second penalties on the stop ⏱️
He rejoins behind Sebastian Vettel in P10 #RussianGP ???????? #F1 pic.twitter.com/K4vjaq3cf2
— Formula 1 (@F1) September 27, 2020
Até ao fim, já pouco ou nada se alterou. Hamilton não conseguiu aproximar-se e terminou mesmo em terceiro, Pérez alcançou um bom resultado para a Racing Point e terminou em quarto, Verstappen foi segundo e Bottas ganhou o Grande Prémio da Rússia, na repetição de um pódio que já tinha ocorrido cinco vezes esta temporada. Mais de um ano depois, na Rússia e não na Alemanha, Hamilton voltou a sofrer com uma aparente maldição com a Netflix e teve muitos problemas no fim de semana em que as câmaras estavam na garagem da Mercedes — e adiou a procura pelo recorde de Schumacher para o próximo domingo, em Nürburgring.