As unidades de saúde do Edifício Rainha Dona Leonor, em Almada, estão a pedir aos utentes que levem as suas próprias máscaras cirúrgicas, porque estão a ficar sem máscaras. Mais: avisam que os utentes podem ter de ser mandados para trás caso não tragam máscara ou apresentem uma máscara comunitária.

A decisão viola as orientações da Direção-Geral da Saúde (DGS), que prevê a entrega de máscaras cirúrgicas aos utentes. Mas, contactada pelo Observador, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS-LVT) nega e garante que não faltam máscaras nos centros da sua área de atuação.

Estamos a dizer às pessoas que tragam a sua máscara cirúrgica. Por enquanto, temos, mas, se ficarmos sem máscaras e as pessoas não trouxerem as suas [cirúrgicas], têm de voltar para trás”, disse o segurança, na tarde desta segunda-feira, a quem se preparava para entrar no Edifício Rainha Dona Leonor. A mesma informação já tinha sido dada a um utente, na semana passada, por uma profissional de saúde que faz a triagem à entrada.

Deve ser fornecida máscara cirúrgica a todos os doentes, com ou sem sintomas respiratórios ou febre, no momento da entrada na unidade de saúde”, lê-se na norma 007/2020 da DGS, de 29 de março de 2020. E a falta de máscaras é uma justificação que não se confirma nas respostas obtidas pelo Observador.

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O Observador tentou contactar a direção da USF Almada, uma das unidades de saúde no Edifício Rainha Dona Leonor, que remeteu as respostas para a ARS-LVT. Mas o Agrupamento de Centros de Saúde (Aces) Almada-Seixal, que inclui as unidades do edifício de Almada, esclareceu que as unidades de saúde do agrupamento seguem todas as orientações da DGS e, como tal, “promovem sempre a utilização de máscara cirúrgica”.

“Relativamente aos stocks de máscaras cirúrgicas, o Aces Almada-Seixal está a fazer uma gestão diária do material de EPI [equipamentos de proteção individual], para que os profissionais possam exercer as suas funções de forma segura e sem limitações”, respondeu o agrupamento, por intermédio do gabinete de comunicação da ARS-LVT.

O agrupamento acrescenta, contrariando a mensagem recebida em Almada: “Não é recusada a entrada a nenhum utente. Se o utente não se fizer acompanhar de máscara, a unidade fornece.” E só não aceitam máscaras comunitárias porque não têm forma de atestar a sua certificação. Mas nem nesse caso é recusada a entrada, “a unidade fornece máscara cirúrgica e o utente procede à troca”.

Fonte oficial da ARS-LVT, responsável pela “compra e distribuição de máscaras cirúrgicas pelas unidades de saúde dos cuidados primários do Sistema Nacional de Saúde na sua área de atuação”, garantiu que, ao contrário do que se teme naquelas unidades de saúde, não há falta de máscaras e que “têm sido fornecidas semanalmente, e nas alturas de maior afluência bissemanalmente, de modo a não existirem falhas de stock”.

A ARS-LVT acrescenta: “Não há nenhuma indicação da ARSLVT, nem das direções executivas dos Aces para redução no uso de máscaras cirúrgicas”.