Com menos dias de prova, um menor número de corredores (não era tão reduzido há mais de 35 anos), sem dia de descanso, entre cerimónias no pódio mais discretas, provavelmente com mais emoção “condensada” à mistura tendo em conta as três chegadas a subir nas quatro primeiras etapas depois do prólogo de sete quilómetros em Fafe. A Edição Especial da Volta a Portugal começou da melhor forma com um contrarrelógio ganho pelo mais velho do pelotão, Gustavo Veloso, e seguia esta segunda-feira com a etapa mais longa entre Montalegre e a Santa Luzia, em Viana do Castelo. A dúvida, essa, continuava a ser a mesma: quem era o líder da W52 FC Porto?

Gustavo Veloso vence prólogo e é o primeiro camisola amarela da Edição Especial da Volta

“O Marvin está a fazer uma excelente corrida, está de parabéns e acho que pode conseguir mas vamos tentar controlar a corrida da melhor maneira e depois na parte final quem quiser ganhar a corrida tem de assumir. O FC Porto já assumiu desde início, está a controlar a corrida. Vamos tentar manter a camisola amarela, vamos levar a corrida da melhor maneira, a que mais nos convém, para no final fazermos o melhor para a equipa. Está a ser uma etapa a pensar no dia de hoje, a de amanhã [Senhora da Graça] é amanhã. Se o Gustavo Veloso é o principal líder? É sempre um dos líderes da nossa equipa, temos outros atletas que podem estar na discussão da Volta mas enquanto ele tiver a camisola amarela vai ser o líder e tentaremos controlar a corrida da melhor maneira para que possamos manter a amarela e levar o Gustavo até onde possa, até Lisboa”, dizia à RTP Nuno Ribeiro, diretor desportivo da W52 FC Porto a 40 quilómetros da meta, quando o pelotão estava a menos de três minutos do fugitivo do dia, o português Marvin Scheulen (LA Alumínios-LA Sport).

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Há nomes incontornáveis nesta edição onde cada equipa apresentava apenas sete corredores. Jóni Brandão da Efapel, Vicente de Mateos do Louletano, Rafael Reis do Feirense, Frederico Figueiredo do Tavira. E as potenciais surpresas com o condão de se intrometerem na luta pelos primeiros lugares num dia bom numa etapa. Todavia, era nos sete elementos dos azuis e brancos que entroncavam grande parte das atenções, com quatro antigos vencedores da Volta (Veloso, Ricardo Mestre, Rui Vinhas e João Rodrigues, este em 2019) e mais três dos melhores corredores do pelotão nacional (Amaro Antunes, Daniel Mestre e Samuel Caldeira). E se antes João Rodrigues dissera que existiam sete chefes-de-fila, Gustavo Veloso assumiu que se antes ponderara terminar a carreira no final desta temporada agora admite fazer mais um ano com uma visível motivação à mistura.

Ao longo de 167 quilómetros, e entre a luta pelos pontos nas metas volantes, Marvin Scheulen foi o herói do dia, saindo logo no arranque numa fuga que chegou a ter oito minutos de avanço e que foi apanhada no final por ação da Rally Cycling, depois de ter sido a W52 FC Porto a liderar o pelotão por longos minutos. De resto, houve registo da queda de Frederico Figueiredo num abastecimento que obrigou a acelerar para colar de novo no pelotão e um enorme gesto de fair-play de David Livramento, do Tavira, a perceber como estavam Ángel Sánchez e Gaspar Gonçalves, da Miranda-Mortágua, depois de uma queda a meio do pelotão. Todos os potenciais vencedores estavam a reservar forças para o ataque aos últimos três quilómetros a subir em Santa Luzia.

O top 10 da etapa acabou por confirmar o domínio dos dragões mas teve um outro herói inesperado, Luís Gomes da Kelly-Simoldes Oliveirense, que arrancou decidido para a vitória e conseguiu bater o portista Daniel Mestre, superando ainda outros nomes fortes que terminaram nos primeiros lugares como Gustavo Veloso, António Carvalho (Efapel), João Rodrigues, Vicente de Mateos ou Amaro Antunes, décimo classificado de uma etapa onde a W52 FC Porto conseguiu colocar quatro corredores nos primeiros classificados.

Assim, Gustavo Veloso manteve a camisola amarela em vésperas da subida à Senhora da Graça, naquele que será mais um grande teste aos principais candidatos e que deverá fazer uma primeira seleção dentro do pelotão pela vitória final. O veterano espanhol de 40 anos tem um segundo de vantagem em relação ao companheiro de equipa Daniel Mestre e quatro de Daniel Freitas, do Mortágua. António Carvalho, Jóni Brandão, João Rodrigues, Rafael Reis e Vicente de Mateos completam os oito primeiros lugares, com diferenças inferiores a 12 segundos.