O Governo convocou os sindicatos da função pública para reuniões de negociação coletiva geral anual para 06 e 09 de outubro, com os representantes dos trabalhadores na expetativa de que o executivo apresente uma proposta de aumento salariais.

O secretário-geral da Federação de Sindicatos da Administração Pública (Fesap), José Abraão, disse à Lusa esperar que, entre as várias matérias a discutir, o Governo apresente uma proposta de atualização salarial para o próximo ano.

“Esperamos uma proposta, até porque o Governo inscreveu nas GOP [Grandes Opções do Plano] o objetivo de manter a atualização anual”, disse o líder da Fesap, que deverá apresentar a sua proposta de aumentos salariais para 2021 esta semana.

Também a presidente de Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado (STE), Helena Rodrigues, considerou que, tratando-se da negociação geral anual e apesar da crise causada pela Covid-19, “o Governo deverá apresentar uma contraproposta ao caderno reivindicativo” entregue pelo STE, nomeadamente no que respeita aos salários.

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“Esperamos uma contraproposta ao nosso caderno reivindicativo onde, entre as nossas reivindicações, está um acréscimo salarial de 1% para que os trabalhadores não continuem a perder poder de compra”, disse Helena Rodrigues.

Além dos salários, outras das matérias que deverão estar em cima da mesa, segundo os sindicatos, são o alargamento do universo de beneficiários da ADSE e as pré-reformas, temas que já começaram a ser discutidos no processo negocial anterior.

Na convocatória enviada aos sindicatos para as reuniões, que arrancam a menos de uma semana da entrega da proposta de Orçamento do Estado para 2021 (OE2021), o gabinete do secretário de Estado da Administração Pública, José Couto, não faz referência a quais os temas a discutir em concreto.

No projeto de proposta de lei das Grandes Opções do Plano (GOP) para 2021 aprovado dia 10 pelo Conselho de Ministros, o executivo mantém as prioridades para a Administração Pública, nomeadamente a “alteração da política de baixos salários, reposição da atualização anual dos salários e valorização da remuneração dos trabalhadores de acordo com as suas qualificações e reconhecimento do mérito”.

As atualizações anuais dos salários na função pública foram retomadas em 2020, após dez anos de congelamento, com aumentos generalizados de 0,3%, mas o Governo já admitiu que, devido à pandemia de Covid-19, poderá não ser cumprido o compromisso anteriormente assumido de acréscimos de 1% em 2021.

No projeto das GOP, o Governo volta também a manifestar a intenção de “implementar políticas ativas de pré-reforma nos setores e funções que o justifiquem, contribuindo para o rejuvenescimento dos mapas de pessoal e do efetivo”.

Na área da Administração Pública, o Governo volta ainda a defender a necessidade de “aprofundar o atual modelo de recrutamento e seleção de dirigentes superiores e intermédios, através da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CReSAP)” e a “reativar a avaliação dos serviços com distinção de mérito associada aos melhores níveis de desempenho e refletir essa distinção em benefícios para os respetivos trabalhadores”.