Uma pessoa morreu na sequência de ataques levados a cabo pelas forças do Azerbaijão na cidade de Vardenis, na Arménia, anunciou esta terça-feira o Ministério dos Negócios Estrangeiros arménio. Trata-se da primeira morte em solo arménio relacionada com o reacendimento do conflito na região de Nagorno-Karabakh confirmada oficialmente.

O anúncio surge no mesmo dia em que Arménia e Azerbaijão voltaram a trocar acusações, desta vez relacionadas com ataques dirigidos a territórios de um e outro país que se encontram longe de Nagorno-Karabakh.

De acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros arménio, os ataques em Vardenis, realizados com drones, tiveram como alvo uma unidade militar e provocaram um incêndio num autocarro de passageiros, mas ninguém terá ficado ferido. Pelo contrário, na zona fronteiriça, tudo parece calmo. “A fronteira arménia com o Azerbaijão está relativamente calma”, admitiu o porta-voz, Artsrun Hovhannisyan, citado pela Reuters.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros azeri anunciou, por sua vez, que o exército arménio tinha atacado a região de Dashkesan, no interior do Azerbaijão. A Arménia negou estas declarações. O Azerbaijão deu ainda conta de ataques das duas partes na direção de Fizuli, Jabrayil, Adgere e Terter, zonas ocupadas pelos arménios junto à fronteira com Nagorno-Karabakh. A Arménia adiantou que o exército de Nagorno-Karabakh tinha repelido vários ataques durante a noite de segunda para terça-feira.

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Na segunda-feira, o líder da região separatista, Arayik Harutyunyan, anunciou a 30 morte de soldados. Segundo o Ministério da Defesa arménio, cerca de 200 pessoas ficaram feridas devido ao reacendimento do conflito na região. O Azerbaijão confirmou 26 feridos civis do seu lado.

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Apesar de reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão, a região de Nagorno-Karabakh é controlada por uma maioria étnica arménia. O conflito entre as duas partes data dos tempos soviéticos, quando, em finais dos anos 80, a população de Nagorno-Karabakh, povoado maioritariamente por arménios, pediu para este ser incorporada na vizinha Arménia.

Foi este o mote para a guerra, que durou vários anos e fez cerca de 25 mil mortos. No final do conflito, as forças arménias assumiram o controlo da região, embora o Azerbaijão mantenha uma forte presença militar ao longo da zona desmilitarizada que separa a região do resto do país.

O Azerbaijão defende que a solução para o conflito envolve necessariamente a libertação dos territórios ocupados, uma exigência que tem sido apoiada por várias resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. A Arménia, por seu turno, apoia o direito à autodeterminação de Nagorno-Karabakh.