As discussões de José Mourinho na zona técnica com outros treinadores não são propriamente novas mas, nos últimos anos, as cadências desses episódios têm vindo a diminuir e, desde que assumiu o comando do Tottenham após a saída de Mauricio Pochettino, o único momento aconteceu fora frente ao Southampton, quando se “pegou” com um adjunto da equipa adversária a quem acabou a chamar “idiota” e chegou mesmo a ir ver o que estava a escrever nas notas do seu bloco. Para dentro, o português continua o mesmo; para fora, foi mudando. Também por aí, aquilo que se passou no Tottenham-Chelsea da Taça da Liga foi ainda mais abordado.

Mourinho pegou-se com Lampard, foi ao balneário na segunda parte e saiu a correr depois da vitória (a crónica do Tottenham-Chelsea)

Por volta da meia hora de jogo, e quando o Chelsea ganhava (e dominava) com um golo de Timo Werner, José Mourinho começou por discutir com um dos membros do staff dos blues que estava no banco, Lampard colocou-se no meio e foi aí que se deu o momento de tensão entre a dupla que conquistou vários títulos em Stamford Brudge: o técnico português fez sinal com as mãos como que dizendo que não devia falar tanto, o ex-internacional inglês respondeu da mesma forma e o ambiente ficou mais pesado, sendo pouco depois quebrado com um cumprimento entre ambos que acabou por enterrar o circunstancial “machado de guerra” criado.

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“A única coisa que fiz foi dar a minha opinião. E a opinião de um treinador com uma certa idade para um jovem com talento era que os jogadores precisam de nós ali [naquela zona perto da linha lateral] quando estão a perder. Quando ganham, não temos de ser os protagonistas na linha lateral. Eles precisam que estejamos ali quando perdem e no último jogo do Chelsea, quando perdiam por 3-0, vi que ele estava triste e calado. Ele sabe de futebol e é um treinador fantástico. É só uma opinião: fica na linha lateral quando a tua equipa está a a perder, relaxa quando estás a ganhar”, comentou Mourinho no final do jogo a esse propósito, após ter quebrado a “malapata” frente ao seu antigo capitão do Chelsea na sequência de três derrotas nos três primeiros jogos. “O mais importante são os meus sentimentos relativamente ao Frank [Lampard] e não o que dissemos na linha lateral. Vou sentir-me sempre em dívida com ele pelo grande jogador, amigo e profissional que foi”, acrescentou.

“Damo-nos bem na linha lateral. Dou-me bem como o José [Mourinho] e penso no que ele me disse. Mas aquilo que lhe disse foi que parecia que ele falava mais com o árbitro do que com os jogadores. Respeito muito o José, independentemente do que tenhamos dito na linha lateral”, resumiu Frank Lampard, não deixando de atirar uma “farpa” ao antigo mentor pelas alegadas críticas do português ao desempenho dos árbitros.

Em paralelo, e em relação ao outro momento que gerou muitos comentários, José Mourinho desfez-se em elogios a Eric Dier, defesa que cumpriu 90 minutos pela segunda vez em 48 horas (o Tottenham tinha jogado com o Newcastle no passado domingo) com uma paragem na segunda parte para ir à casa de banho que levou a que o português fosse buscar o seu jogador ao balneário depois de mais uma oportunidade falhada pelo Chelsea.

“Com o Eric [Dier] podes imaginar o que aconteceu. Para ele abandonar o campo daquela forma, foi fácil imaginar o que aconteceu. Ele sabia, eu estava apenas a pressioná-lo para voltar o mais rápido possível porque não havia mais substituições, e um jogador a menos é a consequência de algo não humano que ele fez, que foi jogar dois jogos completamente desidratado, cansado, sem energia nos músculos. Agora é claro que não vai jogar frente ao Macabbi Haifa na quinta-feira [jogo a contar para o playoff de apuramento para a fase de grupos da Liga Europa] porque, caso contrário, isso iria definitivamente matar a sua condição”, comentou o português, que conseguiu apurar o Tottenham para os quartos da Taça da Liga nas grandes penalidades.