O vice-presidente do PSD, Nuno Morais Sarmento, tem estado atento às declarações do Presidente da República e do primeiro-ministro nas últimas semanas sobre o risco de uma crise política nesta altura e atira responsabilidades para a esquerda. Mesmo perante o desafio direto de Marcelo Rebelo de Sousa, que ainda na semana passada acenou com o seu próprio exemplo quando liderou o PSD na oposição, Morais Sarmento não hesita em considerar a hipótese “uma falta de senso”.

O social-democrata que integra a direção de Rui Rio considerou, numa entrevista à TVI24 esta terça-feira, que o PS “está ‘ó tio, ó tio!’ para aprovar um orçamento decisivo” e lembra que foi António Costa quem “se deu ao luxo de fechar portas” ao PSD numa entrevista ao Expresso, quando disse que “no dia em que a sua subsistência depender do PSD, este Governo acabou”. Por isso, Morais Sarmento agora diz que o PSD aprovar o Orçamento ao Governo é um “cenário que não se coloca”. 

Marcelo pressiona Rio a viabilizar o Orçamento, se esquerda falhar. “Por muito menos viabilizei três orçamentos”

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“Infelizmente o primeiro-ministro terá de apresentar demissão, foi isso que nos comunicou [nessa entrevista]” há menos de um mês. Sarmento argumentou que esse Orçamento seria já uma proposta “semi-negociada à esquerda e desenhada para ter o favor do PCP e do BE” e que é, por tudo isso, “uma total falta de senso” colocar esta hipótese.

Já para o Presidente da República esta é uma hipótese “do bom senso merediano”. No meio de uma série de avisos sobre a necessidade de estabilidade política durante a última semana, Marcelo lembrou o que fez como líder do PSD: “Não me passa pela cabeça que o Orçamento seja chumbado. É o líder da oposição que… aliás, por muito menos do que isso eu viabilizei três orçamentos do primeiro-ministro António Guterres. E com o meu partido, uma parte dele sublevado, a não gostar nada, a protestar, com parte do eleitorado a protestar. É do bom senso meridiano”, rematou.

Sarmento não vê razões para a insistência de Marcelo com os riscos de uma crise política e a dramatização de António Costa. Acredita que “garantidamente já terão a esta hora garantias de que o Orçamento passará à esquerda”. “Não tenho Marcelo Rebelo de Sousa nem António Costa como totalmente irresponsáveis que era o que seria se tivessem feito estas declarações por bravata de negociação”.