O documentário português “48”, de Susana Sousa Dias, vai ser exibido em novembro no Festival Internacional de Cinema Documental de Amesterdão (IDFA, sigla em inglês), numa secção programada pelo convidado de honra desta edição, o realizador italiano Gianfranco Rossi.

Segundo informação disponível no site oficial do festival, “48” (2009), de Susana Sousa Dias, que conta as histórias — a partir de fotografias de cadastro — de homens e mulheres que foram presos e torturados pela PIDE, faz parte da secção Top 10, cujos filmes foram escolhidos pelo realizador italiano Gianfranco Rossi, vencedor, entre outros, do Urso de Ouro no Festival de Cinema de Berlim de 2016, com “Fogo no Mar”.

Os 10 filmes escolhidos para esta secção refletem a relação “extensiva e única” de Gianfranco Rossi com o Cinema. Além de “48”, esta secção inclui, entre outros, “A bigger splash” (1973), de Jack Hazan, “O santo dos pobrezinhos” (1950), de Roberto Rossellini, “Os esquecidos” (1950), de Luis Buñuel, e “Route One USA” (1989), de Robert Kramer.

O documentário de Susana Sousa Dias chama-se “48” para lembrar os anos que durou a ditadura e, lá dentro, cabem 16 histórias de presos e presas torturados pela polícia política PIDE.

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Em entrevista à agência Lusa, em 2011, quando da estreia do filme nas salas portuguesas de cinema, a realizadora explicou que quis “contar uma história da ditadura através de um conjunto de fotografias de cadastro e do testemunho das pessoas que foram fotografadas”.

São imagens pequenas, tipo passe, fotografias que estão na Torre do Tombo, “às centenas”. A história é contada pela voz de quem está naquela fotografia, mas nunca o/a vemos como é hoje. Na imagem, ficam sempre só as fotografias. Mas algo parece mover-se.

Susana Sousa Dias explicou este “processo muito complexo” de “micromovimentos com a câmara”, que fazem com que as imagens pareçam fixas, mas na realidade haja “um movimento ténue”. E acredita: “É isso que permite com que o espetador não descole da imagem.”

“Aparentemente, o filme tem uma forma muito simples e utiliza recursos muito básicos, mas todo o caminho para chegar lá foi extremamente complexo e o filme é muito trabalhado”, sublinhou, falando no “risco imenso” de fazer um filme deste género.