Os trabalhadores da Eurest, empresa que gere os bares dos navios da Transtejo e Soflusa, voltam a protestar esta quinta-feira de manhã pela retoma do serviço, suspenso desde 16 de março, informou fonte sindical.

“Os trabalhadores da Eurest estão impedidos de exercer a sua atividade profissional e querem retomar o serviço, mas a Transtejo e Soflusa não autoriza a reabertura dos bares”, disse à Lusa Fernanda Moreira, do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul.

Os cerca de 18 funcionários deste serviço vão concentrar-se às 8h30 no Terminal Fluvial do Cais do Sodré, em Lisboa, onde também se localiza a sede das duas empresas de transporte fluvial, que têm a mesma administração.

Segundo a sindicalista, a principal reivindicação dos trabalhadores é poder retomar o serviço “respeitando todas as regras da Direção-Geral da Saúde (DGS), como acontece com os restaurantes e bares”.

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As pessoas quando têm necessidade, mesmo com as máscaras, bebem água e quem é diabético tem que comer ou mesmo tomar o pequeno-almoço dentro do barco. Os trabalhadores só pretendem que as regras sejam iguais para todos, porque se as pessoas podem ir ao café, levar máscara e retirar quando estão a comer, porque é que não o podem fazer dentro do transporte?”, questionou.

Segundo a sindicalista, os trabalhadores não compreendem esta situação e “estão com receio de serem despedidos”.

A 2 de setembro, estes funcionários já tinham realizado um protesto no Terminal Fluvial do Barreiro, no distrito de Setúbal, mas até hoje “não receberam nenhuma justificação da Transtejo e Soflusa”, apontou Fernanda Moreira.

Numa resposta escrita enviada à Lusa, a administração das duas empresas voltou a referir que o serviço não pode retomar devido à obrigatoriedade do uso de máscara nos transportes públicos, no âmbito do atual contexto de pandemia da Covid-19.

A máscara não deve ser retirada durante toda a viagem, sob nenhum pretexto, pelo que comer ou beber é, naturalmente, incompatível com esta medida de segurança que visa a mitigação da propagação da doença. Neste sentido, não se encontram, assim, reunidas condições que salvaguardem a segurança e a saúde pública, pelo que não poderá a Transtejo e Soflusa permitir a reabertura dos bares a bordo dos navios sem incorrer num ilícito”, justificou.

Além disso, a empresa frisou que não mantém “qualquer vínculo laboral com os trabalhadores da concessionária”.

Na mesma nota, informou que a Eurest “procedeu à denúncia do contrato de concessão de exploração comercial dos bares dos catamarans que operam na ligação fluvial Barreiro — Terreiro do Paço, com efeitos a dia 31 de dezembro de 2020”.

A Transtejo é responsável pelos terminais do Seixal, Montijo, Cacilhas e Trafaria/Porto Brandão, no distrito de Setúbal, enquanto a Soflusa faz a travessia entre o Barreiro e o Terreiro do Paço, em Lisboa.