Os moradores da Cooperativa de Habitação dos Funcionários Judiciais, em São Cosme, Gondomar, denunciaram esta quarta-feira o “barulho constante” dos mais de 400 animais que estão no viveiro do Porto, perto do Centro de Recolha Oficial de Animais (CROA).

Foi no “início do mês de setembro” que os moradores da “pacata” cooperativa começaram a ouvir, além dos habituais passarinhos, o “latir constante” de vários cães.

Contactada pela Lusa, a Câmara do Porto afirmou ter assumido, em 2017, o compromisso de ceder à Sociedade Protetora Animal (SPA) um espaço para esta “temporariamente” albergar os animais que se encontravam no antigo Matadouro do Porto.

Para o terreno, situado no Viveiro Municipal, foram transferidos em agosto cerca de 450 animais, entre cães e gatos, avançou a autarquia, acrescentando estar a monitorizar “de perto a atividade” e não ter indícios de maus tratos ou falta de cuidados para com os animais.

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Foram recebidas reclamações a propósito de ruído após a conclusão da transferência dos animais. Esta situação está sobre análise dado que se tratou de um período em que os animais estiveram mais agitados com a mudança de instalações”, referiu, acrescentando ser responsabilidade da SPA encontrar uma alternativa de espaço.

“Latem com bastante frequência e parece que estão desesperados”, afirmou esta quarta-feira à Lusa, Manuela Couto, que há 24 anos mora na casa nº 232 da cooperativa. “Temos vários vizinhos com cães e quando o barulho começou pensávamos que era deles, mas rapidamente percebemos que não”, contou.

O alvoroço dos animais, que se propaga conforme a direção vento, fez com que os moradores tentassem perceber o que se estava a passar. “Enviei duas reclamações para a Câmara do Porto, mas apenas recebi respostas automáticas”, adiantou a moradora.

À semelhança de Manuela, também o seu marido, Joaquim Couto, está “cansado do barulho”. Ainda que na parte de trás da casa e no piso superior nada se ouça, pois têm janelas duplas, na parte da frente “chega a ser ensurdecedor”.

“A melhor solução era adotá-los mas, se tal não acontecer, poderiam colocar, por exemplo, aqueles painéis que existem nas autoestradas para abafar o barulho”, observou Joaquim Couto.

Também Eugénia Cunha, que mora paredes meias com o casal, na casa nº 226, salientou que “o barulho e o latir dá a ideia de que os animais estão a sofrer”.

Entre as 8h e as 10h da manhã não se aguenta. Depois, é ao final da tarde. Muito provavelmente são os horários em que alguém lhes vai dar de comer”, explicou.

Os vizinhos, garante Eugénia, já “fizeram de tudo para tentar perceber” o que lá se passa e ponderam agora “fazer um abaixo-assinado” para entregar à Câmara do Porto.

O casal Couto, por sua vez, equaciona recorrer à Câmara de Gondomar, caso o barulho permaneça.

A Lusa tentou obter uma reação da SPA, bem como esclarecimentos adicionais da autarquia, mas até ao momento não obteve resposta.